No Abrupto:
"COISAS DA SÁBADO:
O QUE SÓ SE SABE DEPOIS DAS ELEIÇÕES E QUE SE DEVERIA TER SABIDO ANTES
Tanta coisa! O número do deficit por exemplo, deliberadamente escondido meses após meses, com a publicitação de números e previsões irrealistas, denunciadas por todos, partidos e economistas, e que teve o papel de ainda mais descredibilizar o Ministro das Finanças, um dos poucos que ainda incutia alguma confiança aos portugueses. A cegueira eleitoralista foi tal que o Ministro negou previsões da EU e de outras instituições internacionais como “excessivamente pessimistas”.
Que a economia e as finanças estavam muito mal, pressentia-se e sabia-se. Mas a real dimensão dos problemas foi escondida e ainda está escondida na sua dimensão real. O que vai acontecer é que esta teimosia no erro, vai ter custos graves para o país. Vai adiar medidas inevitáveis, vai agravar tendências negativas, até que de repente vamos todos acordar com uma economia ingovernável, com as finanças descontroladas e o país na falência. Não excluo, como já disse uma vez, que nessa altura o PS saia de cena pela porta mais baixa que encontrar e deixe a outrem uma crise gravíssima. Estamos mais perto disso do que se pensa e o mero apego ao poder do PS, forte que seja, pode soçobrar perante medidas internacionais gravosas para Portugal e um colapso “argentino”. E tudo isto, sem qualquer responsabilidade da oposição. Apenas pela fuga em frente e pela ocultação da realidade. A continuar assim ainda achamos Medina Carreira um optimista."
Friday, November 27, 2009
Tuesday, October 27, 2009
Sunday, October 11, 2009
Wednesday, October 07, 2009
Tuesday, October 06, 2009
Friday, September 18, 2009
Sunday, September 13, 2009
Para aliviar um pouco a neura
uma debate original sobre música (e contas de almoço):
7 Artes - Música
7 Artes - Música
Tuesday, August 25, 2009
Às vezes
penso que sou muito engraçado. A seguir reflicto, tento pôr-me à prova. Chego à conclusão que, de facto, sou muito engraçado. E que tenho muitas outras qualidades muito boas e não muito comuns, até atrevo-me a dizer especiais. E depois fico deprimido.
Monday, August 10, 2009
John Hughes
Tenho a certeza
de que, se me esforçasse e me concentrasse, conseguiria transformar o não fazer nada numa forma de arte.
Mas não me apetece.
Mas não me apetece.
Tuesday, August 04, 2009
E, também, de que vale
um espírito que deseja ser rico se depois tem medo ou não consegue mostrar-se aos outros?
Um grande, grande aperto no coração e um grande, grande nó no estômago
É assim que eu reajo desde há alguns (não, há muitos) dias a praticamente tudo o que vejo, leio, sinto, penso, lembro, relembro, oiço... quer esteja relacionado com a minha vida (directa ou indirectamente), quer seja sobre coisas ou acontecimentos fora da minha vida mas que me interessam. E tudo, tudo, tudo o que capto no meu radar tem-me interessado, parece que redescobri aquela super-curiosidade que tive em tempos, quando era criança.
Essa hiper-sensibilidade é o resultado, entre outros, de muitas implosões, que são a coisa mais constante em mim. Que cada vez cicatrizam pior ou já nem isso.
Essa hiper-sensibilidade é o resultado, entre outros, de muitas implosões, que são a coisa mais constante em mim. Que cada vez cicatrizam pior ou já nem isso.
Thursday, July 23, 2009
Absent Friends
Absent friends, here's to them
And happy days, we thought that they would never end.
Here's to absent friends
from The Divine Comedy, "Absent Friends"
And happy days, we thought that they would never end.
Here's to absent friends
from The Divine Comedy, "Absent Friends"
Sunday, July 19, 2009
Friday, July 10, 2009
Saturday, July 04, 2009
Melomania - II
Mais um que já não escutava há não sei quanto tempo. (Agradeço à Sara por ter postado algumas músicas deste álbum. Fui procurá-lo, estava debaixo de uma montanha de outros!)
A preguiça e a melancolia aqui são uma delicia, sabem a um gelado fresco em fim de tarde de Verão.
"Nouvelle Vague", Nouvelle Vague, 2004
A preguiça e a melancolia aqui são uma delicia, sabem a um gelado fresco em fim de tarde de Verão.
Os meus sonhos são o amanhã que ficou para trás
Que alívio que seria já ser velho! Poderia aguentar muitas coisas sem tanta preocupação, até com um certo alívio, porque já não teria a responsabilidade de ter de conquistar coisas que ainda tenho de conseguir e que, por muito que queira, não consigo. Não dá. Não tenho meios para chegar lá.
Assim, a vida é um fardo quotidiano. Que pesa mais um grama a cada dia que passa.
Assim, a vida é um fardo quotidiano. Que pesa mais um grama a cada dia que passa.
Friday, July 03, 2009
Thursday, July 02, 2009
Melomania
Monday, June 29, 2009
Saudade é solidão acompanhada
Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos magoa,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás, é
o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
"aquela que nunca amou."
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar
pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido...
Pablo Neruda
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos magoa,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás, é
o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
"aquela que nunca amou."
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar
pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido...
Pablo Neruda
Unloveable
I know I'm unloveable
you don't have to tell me
message received, loud and clear
loud and clear, message received
Excerto de "Unloveable", The Smiths
you don't have to tell me
message received, loud and clear
loud and clear, message received
Excerto de "Unloveable", The Smiths
Saturday, June 27, 2009
The Road Not Taken
I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
two roads diverged in a wood, and I --
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.
Excerto de "The Road Not Taken" de Robert Frost, 1916
Somewhere ages and ages hence:
two roads diverged in a wood, and I --
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.
Excerto de "The Road Not Taken" de Robert Frost, 1916
R.I.P.
Com dois dias de atraso:
......................Michael Jackson, 1958-2009............................................Farrah Fawcett, 1947-2009
Só porque me lembro deles assim, quando era pequeno, como ícones, alguém que eu admirava e me faziam sonhar, devanear, fantasiar sobre o que gostaria de fazer ou ser quando fosse "grande". Agora eu sou "grande" e eles já não são vivos. As suas mortes despertaram-me um desejo estranho de fazer um balanço à minha vida, muito mais distanciado no tempo do que aquele que acontece quando fazemos anos ou festejamos a passagem de ano. E diferente também daquele que fazemos quando nos morre alguém chegado, ou quando pensamos nos amigos com quem já não mantemos contacto.
Ou quando pensamos nas diferentes fases da vida, em que a vida era outra. Quando pensamos no que só tem lugar na nossa memória.
......................Michael Jackson, 1958-2009............................................Farrah Fawcett, 1947-2009
Só porque me lembro deles assim, quando era pequeno, como ícones, alguém que eu admirava e me faziam sonhar, devanear, fantasiar sobre o que gostaria de fazer ou ser quando fosse "grande". Agora eu sou "grande" e eles já não são vivos. As suas mortes despertaram-me um desejo estranho de fazer um balanço à minha vida, muito mais distanciado no tempo do que aquele que acontece quando fazemos anos ou festejamos a passagem de ano. E diferente também daquele que fazemos quando nos morre alguém chegado, ou quando pensamos nos amigos com quem já não mantemos contacto.
Ou quando pensamos nas diferentes fases da vida, em que a vida era outra. Quando pensamos no que só tem lugar na nossa memória.
Friday, June 26, 2009
Mas eu, o mal-dormido,
Não sinto noite ou frio,
Nem sinto vir o dia
Da solidão vazia.
Só sinto o indefinido
Do coração vazio.
Em vão o dia chega
Quem não dorme, a quem
Não tem que ter razão
Dentro do coração,
Que quando vive nega
E quando ama não tem.
Em vão, em vão, e o céu
Azula-se de verde
Acinzentadamente.
Que é isto que a minha alma sente?
Nem isto, não, nem eu,
Na noite que se perde.
Fernando Pessoa, excerto de "Começa a Ir Ser Dia", in "Cancioneiro"
Não sinto noite ou frio,
Nem sinto vir o dia
Da solidão vazia.
Só sinto o indefinido
Do coração vazio.
Em vão o dia chega
Quem não dorme, a quem
Não tem que ter razão
Dentro do coração,
Que quando vive nega
E quando ama não tem.
Em vão, em vão, e o céu
Azula-se de verde
Acinzentadamente.
Que é isto que a minha alma sente?
Nem isto, não, nem eu,
Na noite que se perde.
Fernando Pessoa, excerto de "Começa a Ir Ser Dia", in "Cancioneiro"
O solitário
As observações e as vivências do solitário que só fala consigo próprio são simultaneamente mais indistintas e intensas do que as do homem social e os seus pensamentos são mais graves, mais fantasiosos e nunca sem uma coloração de melancolia. Imagens e impressões que outros poriam naturalmente de lado após um olhar, um sorriso, um comentário, ocupam-no mais do que é devido, tornam-se profundas no silêncio, ganham significado, transformam-se em acontecimento, aventura, emoção. A solidão cria o original, o belo ousado e estranho cria a poesia. Mas cria também o distorcido, o desproporcionado, o absurdo e o proibido.
Thomas Mann, in "Morte em Veneza"
Thomas Mann, in "Morte em Veneza"
Tuesday, June 23, 2009
Sunday, June 21, 2009
Excertos
"Há muito que um dos passatempos favoritos da vizinhança consiste em fantasiar sobre a identidade e profissão do misterioso locatário (...). Não que investiguem o caso com demasiado afã, porém. Como todos aqueles que alguma vez se encontraram numa situação semelhante, temem que a verdade seja muito menos interessante do que as suas conjecturas."
"Em vida, as celebridades são já semi-deuses. E depois de mortos são definitivamente divinizados. Só naquele momento, entre a vida e a morte, são humanos."
"O que leva os adolescentes a drogarem-se ou a abrir os pulsos não são os discos de heavy-metal tocados ao contrário. É Michael Bolton tocado normalmente."
"Como pode ser que os dias passem tão devagar e os anos tão depressa? Os anos tão depressa, os dias tão devagar..."
"Por esquecimento ou desleixo, um anúncio pode manter-se nos outdoors muito para além da sua época. Um anúncio a refrigerantes em Janeiro causa uma sensação de desconforto. É como uma ave que se tenha esquecido de migrar para Sul e tenha de enfrentar um Inverno rigoroso e solitário."
"É um desafio fascinante: olhar para um desconhecido e conjecturar como seria há 20 ou 30 anos atrás. Abrir caminho através de camadas de rugas (...). Raspar décadas de sujidade e cinismo, até encontrar as cores originais. Fósseis de um tempo em que julgamos que podemos escolher."
"- O seu problema é, obviamente, ser o produto do sonho de alguém.
- E quando a pessoa que me sonha acordar?"
"Na primeira vez que vi o mar, havia tanto ar e tanta luz que tive medo que a praia e as pessoas se incendiassem a qualquer momento. E só restasse vidro e ossos calcinizados."
Excertos da BD "O Quiosque da Utopia" de José Carlos Fernandes, 1998
"Em vida, as celebridades são já semi-deuses. E depois de mortos são definitivamente divinizados. Só naquele momento, entre a vida e a morte, são humanos."
"O que leva os adolescentes a drogarem-se ou a abrir os pulsos não são os discos de heavy-metal tocados ao contrário. É Michael Bolton tocado normalmente."
"Como pode ser que os dias passem tão devagar e os anos tão depressa? Os anos tão depressa, os dias tão devagar..."
"Por esquecimento ou desleixo, um anúncio pode manter-se nos outdoors muito para além da sua época. Um anúncio a refrigerantes em Janeiro causa uma sensação de desconforto. É como uma ave que se tenha esquecido de migrar para Sul e tenha de enfrentar um Inverno rigoroso e solitário."
"É um desafio fascinante: olhar para um desconhecido e conjecturar como seria há 20 ou 30 anos atrás. Abrir caminho através de camadas de rugas (...). Raspar décadas de sujidade e cinismo, até encontrar as cores originais. Fósseis de um tempo em que julgamos que podemos escolher."
"- O seu problema é, obviamente, ser o produto do sonho de alguém.
- E quando a pessoa que me sonha acordar?"
"Na primeira vez que vi o mar, havia tanto ar e tanta luz que tive medo que a praia e as pessoas se incendiassem a qualquer momento. E só restasse vidro e ossos calcinizados."
Excertos da BD "O Quiosque da Utopia" de José Carlos Fernandes, 1998
Friday, June 19, 2009
Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
(ou
Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os outros fizeram de mim
ou
Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim)
Ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Sou isso, enfim...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.
Álvaro de Campos, há muitas décadas atrás
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
(ou
Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os outros fizeram de mim
ou
Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim)
Ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Sou isso, enfim...
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.
Álvaro de Campos, há muitas décadas atrás
Monday, June 08, 2009
Exercício de Escrita Criativa
Redigir uma pequena história que inclua as 8 palavras seguintes:
Rolhas; Havia ; Prova; Porto; Anã; No; Sol; Lá
O meu resultado:
Havia uma anã que gostava de roubar as rolhas das garrafas de vinho do Porto do amante, após este ir para a borga.
No outro lado da cidade, lá, onde o sol de põe, o marido soluçava, sentado no seu desgosto, fixando a vista na polaroid onde a sua anãzinha querida beija fogosamente aquele que desde a infância era o seu melhor amigo. Foi a ex-mulher, à laia de vingança e secretamente esperançada numa reconciliação que há muito se afigurava irrealizável, quem lhe exibiu essa prova, após ter recebido uma dica do porteiro perneta do prédio em frente aonde morava a meia-leca que tinha roubado o coração do (pelo menos até ao momento) único homem que a tinha feito chorar na vida.
Rolhas; Havia ; Prova; Porto; Anã; No; Sol; Lá
O meu resultado:
Havia uma anã que gostava de roubar as rolhas das garrafas de vinho do Porto do amante, após este ir para a borga.
No outro lado da cidade, lá, onde o sol de põe, o marido soluçava, sentado no seu desgosto, fixando a vista na polaroid onde a sua anãzinha querida beija fogosamente aquele que desde a infância era o seu melhor amigo. Foi a ex-mulher, à laia de vingança e secretamente esperançada numa reconciliação que há muito se afigurava irrealizável, quem lhe exibiu essa prova, após ter recebido uma dica do porteiro perneta do prédio em frente aonde morava a meia-leca que tinha roubado o coração do (pelo menos até ao momento) único homem que a tinha feito chorar na vida.
Sunday, June 07, 2009
Friday, June 05, 2009
Good times for a change
See, the luck I've had
Can make a good man
Turn bad
So please please please
Let me, let me, let me
Let me get what I want
This time
Haven't had a dream in a long time
See, the life I've had
Can make a good man bad
So, for once in my life
Let me get what I want
Lord knows it would be the first time
Lord knows it would be the first time
"Please, Please, Please, Let Me Get What I Want", The Smiths, 1984
Thursday, June 04, 2009
O coração é um caçador solitário
"Every woman adores a Fascist,
The boot in the face, the brute
Brute heart of a brute like you."
(Sylvia Plath, excerpt from 'Daddy', 1966)
Saturday, May 30, 2009
Friday, May 29, 2009
Das incompatibilidades amorosas
Ouvido por acaso em Lisboa, na passada 4ª feira. Alguém tentava explicar a uma amiga porque é que uma relação não estava a correr como desejado:
"ela é muito primavera-verão, enquanto eu sou mais outono-inverno"
Wednesday, May 27, 2009
Mais inspirações nos clássicos
...“The Kiss by the Hôtel de Ville”, Robert Doisneau, Paris, 1950
........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................Poster do filme "Singles - Vida de Solteiro", Cameron Crowe, 1992
A propósito, só há muito pouco tempo me apercebi que o beijo do lado direito foi tão obviamente inspirado no do lado esquerdo. E isso fez-me recordar este filme, essa jóia esquecida do início dos anos 90, com um Cameron Crowe inspirado, pré-colaborações com Tom Cruise, aproveitando os melhores ensinamentos do cinema de John Hughes e assinando, na minha modestíssima opinião, uma das magnum opus do cinema sobre a juventude, sobretudo na problemática da transição da juventude para a idade adulta (é pá, já pareço um político a escrever), com as suas graças e desgraças, realizadas com um equilíbrio e sensibilidade tocantes. Há muitas razões para este filme me ter marcado tanto naquela época. Uma delas foi ter-me apaixonado por uma das actrizes principais do filme. Ai, a adolescência...
Thursday, May 21, 2009
Saturday, May 09, 2009
Friday, May 01, 2009
O cão de Pavlov
Hoje vi o presidente da CM Lisboa num debate na televisão a fazer aquilo que os maus políticos (que no PS são quase todos) fazem: tentam limpar a imagem do seu partido, não querendo saber se o que dizem é verdadeiro ou falso, o que interessa é que a imagem fique imaculada aos olhos dos outros, por isso não se pode beliscar essa "pureza".
Lembrei-me dos reflexos de Pavlov, quando o cãozinho reagia após tocarem o sino ("reflexos condicionados", dizia). Portanto: se alguém diz algo menos simpático relativo à imagem das cores que defendo, tenho de reagir de imediato, como alguém que tenta apagar um mini-incêndio que tenha acabado de se deflagrar. Não para esclarecer se o que se disse é verdade ou falso, mas para que a tal imagem não fique beliscada.
O mais triste (e é por isso que que me apetece escrever sobre isto) é que parece que é disso mesmo que o povo gosta. A pequena burguesia que é parte significante deste país e que decide as eleições, e que a esquerda julga ser a sua base de apoio natural, é ela mesma que alimenta não só o capitalismo (que em si nada tem de mal), mas também pede discursos medíocres e populistas em vez de raciocínio, bom-senso e riqueza de espírito.
Os políticos que temos são feitos à imagem do povo que temos. Se Sócrates e os governantes são assim é por pragmatismo e não por ideologia. Se o povo gostasse de outro tipo de pessoas, não teríamos outro tipo de políticos no poder mas sim os mesmos a comportarem-se de maneira diferente. É uma pescadinha-de-rabo-na-boca.
Pegando nisto e no não poderem beliscar, pôr em causa o que somos, temos uma sociedade muito acriançada e muito pouco desenvolvida. As pessoas, em média, só querem ter conhecimentos técnicos que lhes permitam ter um emprego que lhes permita ter um estilo de vida tendencialmente materialista e consumista. Vivem embriagados nessa filosofia. O resto não interessa, não lhes diz respeito. Não têm um mínimo de cultura, seja em que àrea for. E não querem passar das aparências.
É disto que que não vejo os políticos e a comunicação social (esta também merece muitos puxões de orelhas) falar. E por isso temos a sociedade que temos. E os políticos que temos. Se eu fosse realizador de cinema ou escritor, era este o tipo de material que escolheria para as minhas obras (porque também as novelas e o nosso cinema andam distraídos com outras coisas ou com abordagens fracas, repisando clichés atrás de clichés), para além do amor.
Thursday, April 30, 2009
Foi(?) só uma fase
Passei quase uma hora a pesquisar no Google quem é que algumas das estrelas de Hollywood estão a namorar no momento... a Natalie Portman, a Evan Rachel Wood, a rapariga do (vem ai um refluxo gástrico) "Crepúsculo" (chama-se Kristen Stewart e descobri que é amiga da erva).
Quando é que eu me tornei numa americana de 17 anos? Ou (pior?), num americano de 15?
Socorro, ajuda, preciso.
Quando é que eu me tornei numa americana de 17 anos? Ou (pior?), num americano de 15?
Socorro, ajuda, preciso.
Monday, April 27, 2009
Sunday, April 26, 2009
Deslizando
Tuesday, April 21, 2009
Wednesday, April 15, 2009
Quando os Monty Python puseram os filósofos a reflectir sobre o sentido da vida num campo de futebol
Quem diria que Sócrates (o outro, o mais antigo) era tão temível goleador!!
.
Não sou de vanglórias nem de falsas modéstias. Dito isto, e reflectindo bem, é um milagre ter chegado onde estou no tempo sem ter ficado pelo menos um pouco psicótico. Não, a lucidez é minha amiga e não se vai embora. É importante, é uma boa ajuda. Mas não resolve nada. E as pressões e tensões e conflitos não são só memórias difícieis e distantes do passado. São demónios persistentes. Daqueles que acorrentam, com vigor e temosia.
Mente lúcida + demónios = justaposição complexa, muito difícil de equilibrar. Como ter de andar todo o tempo com um copo com líquido até ao limite na mão, sempre com cuidado extremo para não entornar. Porque se entorna, é um alívio no princípio, mas depois volta a encher e a ficar ainda um bocadinho mais cheio. Até os malabaristas mais experimentados tremeriam de respeito perante tão complicado e estúpido desafio.
Porque quando os que deveriam servir de nosso suporte emocional são a causa para ele não não estar lá, o tapete sai debaixo dos pés e deixa-nos o resto da vida à procura dele, porque o coração e a mente informam-nos que só assim é possível avançar. Sinto ser uma tarefa impossível, tão complicada como descobrir o Santo Graal, a Atlântida ou as Misteriosas Cidades do Ouro, quando só quero ter um chão firme onde possa pôr-me de pé, em segurança.
Não sendo assim, pode-se ter potencial e talento de um lado mas as forças que estão do outro deixam-lhes encalhados. Presos num corpo e mente que não os pode puxar para fora deles. Ficam guardadinhos, o seu peso intensificando a dor. Mais valia ser uma pessoa banal, talvez, porque assim o sofrimento era outro, também ele mais corriqueiro e assim menos custoso.
E a lucidez pode não querer ficar para sempre. Pode fartar-se, porque a paciência é santa mas não gosta que a indolência se perpetue. As estatísticas dizem que quem passa uma vida assim pode criar falhas comprometedoras em partes demasiado importantes do nosso cérebro. E, depois de uma vida difícil, no final é que começa a doer. Não quero esse triste fim.
Mente lúcida + demónios = justaposição complexa, muito difícil de equilibrar. Como ter de andar todo o tempo com um copo com líquido até ao limite na mão, sempre com cuidado extremo para não entornar. Porque se entorna, é um alívio no princípio, mas depois volta a encher e a ficar ainda um bocadinho mais cheio. Até os malabaristas mais experimentados tremeriam de respeito perante tão complicado e estúpido desafio.
Porque quando os que deveriam servir de nosso suporte emocional são a causa para ele não não estar lá, o tapete sai debaixo dos pés e deixa-nos o resto da vida à procura dele, porque o coração e a mente informam-nos que só assim é possível avançar. Sinto ser uma tarefa impossível, tão complicada como descobrir o Santo Graal, a Atlântida ou as Misteriosas Cidades do Ouro, quando só quero ter um chão firme onde possa pôr-me de pé, em segurança.
Não sendo assim, pode-se ter potencial e talento de um lado mas as forças que estão do outro deixam-lhes encalhados. Presos num corpo e mente que não os pode puxar para fora deles. Ficam guardadinhos, o seu peso intensificando a dor. Mais valia ser uma pessoa banal, talvez, porque assim o sofrimento era outro, também ele mais corriqueiro e assim menos custoso.
E a lucidez pode não querer ficar para sempre. Pode fartar-se, porque a paciência é santa mas não gosta que a indolência se perpetue. As estatísticas dizem que quem passa uma vida assim pode criar falhas comprometedoras em partes demasiado importantes do nosso cérebro. E, depois de uma vida difícil, no final é que começa a doer. Não quero esse triste fim.
Uma imagem bela
"Os grandes homens não podem fazer-se por encomenda por qualquer método de ensino por mais perfeito que seja.
O máximo que podemos esperar fazer é ensinar todo o indivíduo a atingir todas as suas potencialidades e tornar-se completamente ele próprio. Mas o eu de um indivíduo será o eu de Shakespeare, o eu de outro será o eu de Flecknoe. Os sistemas de educação prevalecentes não só falham em tornar Flecknoes em Shakespeares (nenhum método de educação fará isso alguma vez); falham em fazer dos Flecknoes o melhor. A Flecknoe não é dada sequer uma oportunidade para se tornar ele próprio. Congenitamente um sub-homem, ele está condenado pela educação a passar a sua vida como um sub-sub-homem."
Aldous Huxley, in "Sobre a Democracia e Outros Estudos"
Tuesday, April 14, 2009
Sunday, April 12, 2009
Thursday, April 09, 2009
Fotografia gémea
"V–J day in Times Square", Alfred Eisenstaedt, 1945.............................."Kissing the War Goodbye", Victor Jorgensen, 1945
Dúvida
Porque que é que confundem o meu abatimento/depressão tantas vezes e tão erradamente com antipatia?
Wednesday, April 08, 2009
"Computer says No..."
Em homenagem à "simpática" senhora que me atendeu no Governo Civil da minha cidade:
Little Britain USA, 2008
Tuesday, April 07, 2009
"Normalmente, a ausência de dor é apenas a condição física necessária para que o indivíduo sinta o mundo; somente quando o corpo não está irritado, e devido à irritação voltado para dentro de si mesmo, podem os sentidos do corpo funcionar normalmente e receber o que lhes é oferecido. A ausência de dor geralmente só é «sentida» no breve intervalo entre a dor e a não-dor; mas a sensação que corresponde ao conceito de felicidade do sensualista é a libertação da dor, e não a sua ausência."
in "A Condição Humana", Hannah Arendt, 1958
Sunday, April 05, 2009
Febre de Sábado a começar a seguir ao almoço
Chegar muito tarde e mal-disposto e trombalhudo ao sítio onde tenho de estar.
Pensar "vou? não vou? vou? não vou? vou?" ao filme de hoje (ontem) da festa do cinema italiano durante horas (a tarde quase toda), para lá me decidir a ir, mesmo que isso signifique ficar quase 2 horas antes do filme começar sem fazer nada e chegar a casa bem de madrugada. E jantar porcarias.
Passar a tarde a evitar conversar, porque não estou com vontade e não quero sentir o meu cérebro explodir.
Chegar ao cinema, ir buscar uns quantos postais e ler umas críticas que estão colocadas à porta das salas e ter de levar com 2 italianos a olharem para mim como se estivesse a invadir um qualquer espaço só deles. Se ainda não arrumaram tudo como queriam, não se preocupem que não vos incomodo. Ou se quiserem ficar mais à vontade, aconselho-vos a não estarem num local público.
Chegar à bilheteira e descobrir que os bilhetes esgotaram à 1 da tarde. E ficar logo sem vontade de ir ao cinema, ver filmes italianos ou raios que os partam, durante semanas ou meses.
Aproveitar a vantagem de ter, agora, de ficar 1 hora e meia à espera do próximo transporte para casa e ver se, finalmente, vou comprar uns ténis ou uns sapatos ou qualquer coisa que enfie no pé sem ficar com os dedos à mostra que não tenham buracos ou não estejam muito gastos. Dou a volta habitual. Como é possível que num centro comercial inteiro não haja nada de que goste? Foda-se.
Depois vou à Bertrand e à feira do livro usado fingir que estou interessado em comprar alguma coisa e esquecer-me que desde o início do ano só li 2 livros e uns contos.
E é verdade, o meu cartão Lisboa Viva a não querer funcionar, sobretudo quando tenho muitas pessoas atrás de mim. Mas não fico stressado, não tenho feitio para isso. Fico sim ainda mais apático. Mais uma camada.
Finalmente, chegar a casa e continuar inundado de tédio. Comer mais qualquer coisa e passar o resto da noite na net.
Isto é o mais próximo que tive de animação, ultimamente.
Isto é pobre.
Isto é um desperdício.
Pensar "vou? não vou? vou? não vou? vou?" ao filme de hoje (ontem) da festa do cinema italiano durante horas (a tarde quase toda), para lá me decidir a ir, mesmo que isso signifique ficar quase 2 horas antes do filme começar sem fazer nada e chegar a casa bem de madrugada. E jantar porcarias.
Passar a tarde a evitar conversar, porque não estou com vontade e não quero sentir o meu cérebro explodir.
Chegar ao cinema, ir buscar uns quantos postais e ler umas críticas que estão colocadas à porta das salas e ter de levar com 2 italianos a olharem para mim como se estivesse a invadir um qualquer espaço só deles. Se ainda não arrumaram tudo como queriam, não se preocupem que não vos incomodo. Ou se quiserem ficar mais à vontade, aconselho-vos a não estarem num local público.
Chegar à bilheteira e descobrir que os bilhetes esgotaram à 1 da tarde. E ficar logo sem vontade de ir ao cinema, ver filmes italianos ou raios que os partam, durante semanas ou meses.
Aproveitar a vantagem de ter, agora, de ficar 1 hora e meia à espera do próximo transporte para casa e ver se, finalmente, vou comprar uns ténis ou uns sapatos ou qualquer coisa que enfie no pé sem ficar com os dedos à mostra que não tenham buracos ou não estejam muito gastos. Dou a volta habitual. Como é possível que num centro comercial inteiro não haja nada de que goste? Foda-se.
Depois vou à Bertrand e à feira do livro usado fingir que estou interessado em comprar alguma coisa e esquecer-me que desde o início do ano só li 2 livros e uns contos.
E é verdade, o meu cartão Lisboa Viva a não querer funcionar, sobretudo quando tenho muitas pessoas atrás de mim. Mas não fico stressado, não tenho feitio para isso. Fico sim ainda mais apático. Mais uma camada.
Finalmente, chegar a casa e continuar inundado de tédio. Comer mais qualquer coisa e passar o resto da noite na net.
Isto é o mais próximo que tive de animação, ultimamente.
Isto é pobre.
Isto é um desperdício.
Friday, April 03, 2009
Sobre o poder, a condição feminina (e a dos desprotegidos, em geral) e a liberdade,
tudo isto em pouco mais de 2 minutos de humor doloroso:
in "Extras - Christmas Special", 2007
Les femmes sont-elles magiques?
Thursday, April 02, 2009
A lucidez,
quando não tem companhia, transforma-se num fardo. E desvia-nos para a exaustão.
Exaustão por lucidez - uma nova condição?
Exaustão por lucidez - uma nova condição?
Wednesday, April 01, 2009
A Prisão Dourada
"Tenta fazer esta experiência, construindo um palácio. Equipa-o com mármore, quadros, ouro, pássaros do paraíso, jardins suspensos, todo o tipo de coisas... e entra lá para dentro. Bem, pode ser que nunca mais desejasses sair daí. Talvez, de facto, nunca mais saisses de lá. Está lá tudo! 'Estou muito bem aqui sozinho!'. Mas, de repente - uma ninharia! O teu castelo é rodeado por muros, e é-te dito: 'Tudo isto é teu! Desfruta-o! Apenas não podes sair daqui!'. Então, acredita-me, nesse mesmo instante quererás deixar esse teu paraíso e pular por cima do muro. Mais! Todo esse luxo, toda essa plenitude, aumentará o teu sofrimento. Sentir-te-ás insultado como resultado de todo esse luxo... Sim, apenas uma coisa te falta... um pouco de liberdade."
Fiodor Dostoievski, in "O Movimento de Liberação"
Monday, March 30, 2009
Saturday, March 28, 2009
Friday, March 27, 2009
Thursday, March 26, 2009
Friday, March 20, 2009
Thursday, March 19, 2009
Descubra as parecenças - III
....."Excursion into Philosophy", Edward Hopper, 1959................................................................Nan Goldin
Tuesday, March 17, 2009
Descubra as parecenças - II
................................Kate Bush no vídeoclip "Wuthering Heights", 1978
Judy Garland em "Assim Nasce Uma Estrela", 1954
Monday, March 16, 2009
Descubra as parecenças
..........."O Império das Luzes", René Magritte, 1954.............................Poster do filme "O Exorcista", William Friedkin, 1973
Saturday, March 14, 2009
Sunday, March 08, 2009
É muito isto, é
"(...) tu convenceste-me pelo teu exemplo e pela tua educação, (...), da minha incapacidade, e o que se tornava verdade e te dava razão para os pormenores insignificantes devia, é evidente, ser extraordinariamente verdade para as coisas maiores (...).
(...) portei-me mais ou menos como um homem de negócios que vai ganhando para comer com, é verdade, preocupações e pressentimentos muito maus. Faz pequenos benefícios, que devido à sua raridade não cessa de lhe dar lucros e de amplificar na sua imaginação, à parte disso, as perdas são quotidianas. Tudo é contabilizado, mas nunca é feito um balanço. Então, um dia, surge a necessidade de se fazer um balanço (...). E aí tem de se lidar com grandes somas negativas como se jamais se tivesse tido o menor lucro, tudo não passa de um grande prejuízo."
in "Carta ao Pai", Franz Kafka, Novembro de 1919
Tuesday, March 03, 2009
Beijo de lado
Quando as cabeças das duas pessoas se inclinam em direcções opostas e o beijo é produzido nessa postura.
Esta é uma das formas mais comuns de se beijar e a preferida dos filmes. As cabeças inclinadas permitem um melhor contacto dos lábios e uma penetração profunda da língua. É um modo excelente de começar um encontro amoroso apaixonado e também um modo de estimular a paixão entre o casal.
Sunday, March 01, 2009
Escrever
Queria muito ter alguma coisa para escrever, algum pensamento, mas não tenho.
Tenho pânico, sufoco, paranóia, mediocridade. Mas não quero escrever sobre isso. Também tenho coisas boas, mas estão escondidas debaixo da camada das outras.
Quero escrever sobre algo que se assemelhe a uma coisa que se escreva quando se teve uma qualquer experiência que se queira contar. E como não gosto de inventar, então não vou escrever.
Escrever sobre desejar escrever - é só o que tenho.
Tenho pânico, sufoco, paranóia, mediocridade. Mas não quero escrever sobre isso. Também tenho coisas boas, mas estão escondidas debaixo da camada das outras.
Quero escrever sobre algo que se assemelhe a uma coisa que se escreva quando se teve uma qualquer experiência que se queira contar. E como não gosto de inventar, então não vou escrever.
Escrever sobre desejar escrever - é só o que tenho.
Friday, February 27, 2009
Thursday, February 26, 2009
Raivas
Por vezes, pareço um indigente que está sentado na calçada de uma rua, encostado à parede suja de um prédio, olhando para cima onde vejo as pessoas a passar, mais ou menos preocupadas com a vida, alegres ou tristes, mas ignorando-me. A minha vida fica parada a sofrer, bloqueada, sem forças para se mexer, enquanto que os outros seguem em frente sem que dêem por mim ou sem se lembrarem de mim.
Prefiro que me atirem uma pedra a isto.
Outras vezes, um pouco do nada, só me apetece virar-me para determinadas personalidades que cruzam os meus caminhos com uma certa frequência e gritar-lhes:
Prefiro que me atirem uma pedra a isto.
Outras vezes, um pouco do nada, só me apetece virar-me para determinadas personalidades que cruzam os meus caminhos com uma certa frequência e gritar-lhes:
irritas-me tanto!!
Tuesday, February 24, 2009
Terça-Feira diferente
Hoje, dia de Carnaval, lembrei-me tantas, tantas vezes de quando me mascarava quando era pequeno. E de quais as personagens que encarnava - de palhaço, de cowboy, de índio (para compensar:) e lembro-me, sobretudo, da de Zorro. Mascarava-me porque todas as outras crianças o faziam. Não estava particularmente interessado em viver aventuras diferentes por um dia através dos personagens, mas divertia-me muito na escola com os colegas. E quando o dia coincidia com o meu aniversário, sentia que tinha-me saído o jackpot! Ia tudo para minha casa para a festa e aí é que era a grande diversão, para pânico dos meus pais :) (tinham medo que se sujasse muito a casa ou que se partisse qualquer coisa :).
Depois cresci, passei ou a não achar muita piada ao Carnaval ou mesmo a rejeitá-lo e já há muitos, muitos, muitos anos que não significa mais para mim que outro feriado. Só tenho de ter cuidado para evitar os balões de àgua, os ovos estragados e as lâmpadas (sim, há uns anos atiraram-me com uma e quase me acertavam). Posso sempre lembrar-me dos fatos e máscaras que vestia, sobretudo nas conversas com outros, mas nada que se compare ao que me aconteceu hoje.
Ainda não há muitos meses estive com um ataque de saudades e fui visitar todas as fotografias que a minha Mãe tem guardadas da família. Centrei-me naquelas onde eu figurava quando era criança e jovem adolescente – que, das minhas, são quase todas – e lembro-me que a fotografia que mais me prendeu e me tocou foi aquela em que estou mascarado de Zorro no Carnaval de 1986, no meio da Praça do Bocage (quando ainda tinha relva). Sei que era 1986 porque por trás de mim, ao longe, está uma faixa de campanha eleitoral com “Soares É Fixe” escrito. Eu estava com o ar um pouco envergonhado, a máscara a incomodar-me nos olhos e a fazer um gesto com a espada claramente a pedido da família. Apesar do ar embaraçado porque era de pose, não acredito que me sentisse assim no resto do dia – era verdadeiramente, e sem reticências, um dia alegre e de alegria.
E vi naquela criança alguém muito sensível, um pouco danificado e precioso. Daqueles meninos que as senhoras têm vontade de ir abraçar, porque parecem muito queridos. A minha Mãe era muito assim comigo.
A fantasia do Zorro, o centro da cidade diferente, o “Soares É Fixe”, a sensação da família do lado de lá da câmara fotográfica, olhando na mesma direcção. Transportam-me, mais que para outra época, para outras emoções e sentimentos que a memória resolveu esconder num canto mais ou menos escuro.
Hoje pensei novamente nessa foto.
Não sei porque é que me lembrei destas coisas e porque lhes estou a dar esta importância. Eu, que tento sempre psicanalizar tudo, e sempre com pelo menos algum sucesso. Será dos meu aniversário estar quase aí, e de não ter vontade de acrescentar mais um ano à idade? E de ter saudades da simplicidade de várias das coisas na infância, e de sentir que estou neste mundo adulto ainda com as forças de uma criança?
Será de tudo isto? Ou de nada disto? Ou de outras coisas, talvez mais prosaicas?
Não sei dizer. Mas que foi um dia bem diferente do habitual para o meu Eu interior, isso foi.
Depois cresci, passei ou a não achar muita piada ao Carnaval ou mesmo a rejeitá-lo e já há muitos, muitos, muitos anos que não significa mais para mim que outro feriado. Só tenho de ter cuidado para evitar os balões de àgua, os ovos estragados e as lâmpadas (sim, há uns anos atiraram-me com uma e quase me acertavam). Posso sempre lembrar-me dos fatos e máscaras que vestia, sobretudo nas conversas com outros, mas nada que se compare ao que me aconteceu hoje.
Ainda não há muitos meses estive com um ataque de saudades e fui visitar todas as fotografias que a minha Mãe tem guardadas da família. Centrei-me naquelas onde eu figurava quando era criança e jovem adolescente – que, das minhas, são quase todas – e lembro-me que a fotografia que mais me prendeu e me tocou foi aquela em que estou mascarado de Zorro no Carnaval de 1986, no meio da Praça do Bocage (quando ainda tinha relva). Sei que era 1986 porque por trás de mim, ao longe, está uma faixa de campanha eleitoral com “Soares É Fixe” escrito. Eu estava com o ar um pouco envergonhado, a máscara a incomodar-me nos olhos e a fazer um gesto com a espada claramente a pedido da família. Apesar do ar embaraçado porque era de pose, não acredito que me sentisse assim no resto do dia – era verdadeiramente, e sem reticências, um dia alegre e de alegria.
E vi naquela criança alguém muito sensível, um pouco danificado e precioso. Daqueles meninos que as senhoras têm vontade de ir abraçar, porque parecem muito queridos. A minha Mãe era muito assim comigo.
A fantasia do Zorro, o centro da cidade diferente, o “Soares É Fixe”, a sensação da família do lado de lá da câmara fotográfica, olhando na mesma direcção. Transportam-me, mais que para outra época, para outras emoções e sentimentos que a memória resolveu esconder num canto mais ou menos escuro.
Hoje pensei novamente nessa foto.
Não sei porque é que me lembrei destas coisas e porque lhes estou a dar esta importância. Eu, que tento sempre psicanalizar tudo, e sempre com pelo menos algum sucesso. Será dos meu aniversário estar quase aí, e de não ter vontade de acrescentar mais um ano à idade? E de ter saudades da simplicidade de várias das coisas na infância, e de sentir que estou neste mundo adulto ainda com as forças de uma criança?
Será de tudo isto? Ou de nada disto? Ou de outras coisas, talvez mais prosaicas?
Não sei dizer. Mas que foi um dia bem diferente do habitual para o meu Eu interior, isso foi.
Sunday, February 22, 2009
Vale a pena ler de novo
Hoje começei a ler um livro. Já não me lembro da vez anterior a esta. Nem de qual era o livro. Apenas que custava (e continua a custar) muito concentrar-me a ler e por isso não o fazia. E perdia muito.
Mas vou esforçar-me. E para compensar, a seguir àquele começei a ler outro livro. Estou então a ler dois livros, muito diferentes um do outro. E sinto-me contente. Só preciso de não me sentir abatido, não pensar noutras coisas. Apenas apreciar e desfrutar a leitura.
Tentar descomplicar-me um bocadinho (com as complicações que isso acarreta).
Mas vou esforçar-me. E para compensar, a seguir àquele começei a ler outro livro. Estou então a ler dois livros, muito diferentes um do outro. E sinto-me contente. Só preciso de não me sentir abatido, não pensar noutras coisas. Apenas apreciar e desfrutar a leitura.
Tentar descomplicar-me um bocadinho (com as complicações que isso acarreta).
Friday, February 20, 2009
Lost in Translation
Charlotte: I just don't know what I'm supposed to be.
Bob: You'll figure that out. The more you know who you are, and what you want, the less you let things upset you.
-----
Charlotte: I tried taking pictures, but they were so mediocre. I guess every girl goes through a photography phase. You know, horses... taking pictures of your feet.
-----
Bob: I was feeling tight in the shoulders and neck, so I called down and had a Shiatsu massage in my room...
Charlotte: Mmh, that's nice!
Bob: And the tightness has completely disappeared and been replaced by unbelievable pain!
-----
Bob: It gets a whole lot more complicated when you have kids.
Charlotte: It's scary.
Bob: The most terrifying day of your life is the day the first one is born.
Charlotte: Nobody ever tells you that.
Bob: Your life, as you know it... is gone. Never to return. But they learn how to walk, and they learn how to talk... and you want to be with them. And they turn out to be the most delightful people you will ever meet in your life.
Charlotte: That's nice.
-----
Charlotte: So, what are you doing here?
Bob: Uh, a couple of things. Taking a break from my wife, forgetting my son's birthday. And, uh, getting paid two million dollars to endorse a whiskey when I could be doing a play somewhere.
Charlotte: Oh.
Bob: But the good news is, the whiskey works.
Verão Azul
Para matar saudades, aqui está o genérico inicial. Esta era o ponto alto de muitos dos dias da minha infância:
(ai, tão apaixonado que eu estava pela Bea...)
(estou com vontade de ir comprar os DVD's da série:)
(ai, tão apaixonado que eu estava pela Bea...)
(estou com vontade de ir comprar os DVD's da série:)
Thursday, February 19, 2009
Será que ainda sou um jovem?
Acho que não, porque não tenho idade para isso.
Mas sinto-me um jovem - um adolescente, em concreto, porque, essencialmente, acho que vivo como um adolescente à beira de me tornar um jovem adulto em vez de ser um jovem adulto tardio prestes a assumir uma adultez plena.
É o que faz estar quase a chegar mais um aniversário, pensar nestas coisas. Ou se calhar não, penso nelas muitas vezes, mas nestas alturas dedico-lhes mais tempo. Ou lembro-me mais que penso nelas.
Mal chega o Ano Novo começo a imaginar que já tenho a idade que vou ter dali a 2 meses. Para não custar tanto a transição.
Os meus aniversários passaram de doces a agridoces a apenas agri.
Os três estádios de vida da minha vida interior.
Mas sinto-me um jovem - um adolescente, em concreto, porque, essencialmente, acho que vivo como um adolescente à beira de me tornar um jovem adulto em vez de ser um jovem adulto tardio prestes a assumir uma adultez plena.
É o que faz estar quase a chegar mais um aniversário, pensar nestas coisas. Ou se calhar não, penso nelas muitas vezes, mas nestas alturas dedico-lhes mais tempo. Ou lembro-me mais que penso nelas.
Mal chega o Ano Novo começo a imaginar que já tenho a idade que vou ter dali a 2 meses. Para não custar tanto a transição.
Os meus aniversários passaram de doces a agridoces a apenas agri.
Os três estádios de vida da minha vida interior.
Ouvindo bandas-sonoras
Outra forma de estar perto dos filmes e das séries TV. E outra forma de vê-los.
Ou: quando a música eleva as motion pictures para o estado de (e)motion pictures.
"Lost in Translation"
"South Park Christmas Classics"
"Blade Runner"
"The Essential John Carpenter Collection"
"Barry Lyndon"
"2001 - A Space Odissey"
"Mulholland Drive"
"Twin Peaks"
Ou: quando a música eleva as motion pictures para o estado de (e)motion pictures.
"Lost in Translation"
"South Park Christmas Classics"
"Blade Runner"
"The Essential John Carpenter Collection"
"Barry Lyndon"
"2001 - A Space Odissey"
"Mulholland Drive"
"Twin Peaks"
Vários lados para a mesma história
Sinto-me e ajo como um esquizofrénico. E sinto-me cada vez pior por isso. Eu sei que tenho muitos lados e sou complexo, isso é bom, gosto disso, mas quero dar prioridade a certas coisas que não posso ou não consigo. Preciso de equilíbrio e de confiança para ir atrás do que quero e deixar de parte e/ou recusar outras solicitações, mesmo que pareçam aliciantes aos olhos dos outros (sempre precisei). Mas falta-me... sempre... algo...
(Se ao menos eu não me sentisse sempre tão mal e inadequado em situações sociais...)
(se ao menos eu conseguisse manter os amigos que quero...)
(Se ao menos eu não me sentisse sempre tão mal e inadequado em situações sociais...)
(se ao menos eu conseguisse manter os amigos que quero...)
Monday, February 16, 2009
O Twitter é giro. Espero que não me afaste do Blog.
(olha, esta podia estar no Twitter!!, não te ponhas a pau não, Blog...:)
(olha, esta podia estar no Twitter!!, não te ponhas a pau não, Blog...:)
Paixão não correspondida
As pessoas que sofrem de uma paixão não correspondida ou de um abandono, podem ficar carregadas de sentimentos de culpa, autopunição, desvalorização de si próprias, que conduzem a uma depressão mais ou menos severa.
Muitas vezes, a paixão serve para tapar vazios interiores que já tinham sido pressentidos. É a paixão que preenche esses vazios, mais que a presença do/a amado/a, que não é considerado na sua realidade. O amante passional raramente se dá conta das exigências do amado/a e é, por essa mesma razão, abandonado. Assim, o amor passional é acompanhado pela angústia da separação, originada não tanto pelo temor de perder o/a amado/a, mas mais pela ameaça de ser privada da própria paixão e da plenitude de sentimentos que esta garante.
Por isso, raras vezes o amor passional evolui em direcção a outras formas de amor menos ardentes: a paixão, por si só, vive do seu carácter incompleto. Os amantes passionais, exaltando a sua capacidade de amar, lamentam a incompreensão dos outros relativamente aos seus sentimentos. Mas esta impossibilidade depende menos do outro do que da incapacidade de quem está apaixonado de se dar conta dos limites reais e das exigências do outro.
É muito importante descobrir que outros interesses convivem na personalidade de quem está apaixonado de modo a desmobilizar as imensas energias que tinham sido investidas no sentimento passional, direccionando-as para outros sítios, de modo a preencher, pouco a pouco, o vazio em que a pessoa se encontra imersa.
in "Compreender os Sentimentos", Vera Slepoj
Muitas vezes, a paixão serve para tapar vazios interiores que já tinham sido pressentidos. É a paixão que preenche esses vazios, mais que a presença do/a amado/a, que não é considerado na sua realidade. O amante passional raramente se dá conta das exigências do amado/a e é, por essa mesma razão, abandonado. Assim, o amor passional é acompanhado pela angústia da separação, originada não tanto pelo temor de perder o/a amado/a, mas mais pela ameaça de ser privada da própria paixão e da plenitude de sentimentos que esta garante.
Por isso, raras vezes o amor passional evolui em direcção a outras formas de amor menos ardentes: a paixão, por si só, vive do seu carácter incompleto. Os amantes passionais, exaltando a sua capacidade de amar, lamentam a incompreensão dos outros relativamente aos seus sentimentos. Mas esta impossibilidade depende menos do outro do que da incapacidade de quem está apaixonado de se dar conta dos limites reais e das exigências do outro.
É muito importante descobrir que outros interesses convivem na personalidade de quem está apaixonado de modo a desmobilizar as imensas energias que tinham sido investidas no sentimento passional, direccionando-as para outros sítios, de modo a preencher, pouco a pouco, o vazio em que a pessoa se encontra imersa.
in "Compreender os Sentimentos", Vera Slepoj
Saturday, February 14, 2009
Sinto-me muito inadequado para este mundo. Ou então é o mundo que é inadequado a mim, é mais fácil pensar assim. Talvez eu tenha mais razão.
Ou então (é mais assim) eu sou, de facto, inadequado para este mundo mas o mundo não compreende porquê, analisa-me com base nas convenções comuns e tira conclusões erradas. Por fim, ignora-me. Eu precisaria de algum amparo e, sobretudo, de uma atitude diferente perante mim para criar condições para ultrapassar a barreira entre mim e os outros. Mais compreensão, talvez. Não sou mimado, uma pessoa precisa do que precisa. Mas não posso estar à espera disso.
Só sei que eu e o mundo não nos entendemos.
Ou então (é mais assim) eu sou, de facto, inadequado para este mundo mas o mundo não compreende porquê, analisa-me com base nas convenções comuns e tira conclusões erradas. Por fim, ignora-me. Eu precisaria de algum amparo e, sobretudo, de uma atitude diferente perante mim para criar condições para ultrapassar a barreira entre mim e os outros. Mais compreensão, talvez. Não sou mimado, uma pessoa precisa do que precisa. Mas não posso estar à espera disso.
Só sei que eu e o mundo não nos entendemos.
Thursday, February 12, 2009
Tindersticks [II]
"Tindersticks [II]", Tindersticks, 1995
Esta é a minha música favorita neste momento - música deprimida para gente deprimida.
Canções difíceis de amor, sofrimento e busca de redenção.
Romantismo triste, resignado e obscuro.
Músicos a dançar no Inferno para poderem vislumbrar o Céu. Sarabandas, não valsas.
Música que assusta. Que arrepia e faz chorar.
Melodias belas, muito belas. Difíceis, desconfortáveis, por vezes até um pouco desagradáveis, mas muito belas.
Andam por aqui a pairar muitos fantasmas reconhecíveis, como Leonard Cohen ou Nick Cave, Ian Curtis ou Scott Walker. E li que Lee Hazlewood também anda por aqui (este para mim não serve de referência porque nunca o ouvi - a falta é minha).
Uma voz grave (muito grave), melancólica, cansada, sonolenta, rabugenta, sensível, educada, ternurenta. Sentida.
Banda e orquestra que nos querem amedrontar, dotadas de muito talento e de muito bom gosto, com as composições e os arranjos injectados de lúxuria e de verve. Nós escutamos e sentimos. E gostamos, muito.
Música para gente sentada. Ou deitada.
Música deprimida para gente deprimida. Ou não, também não é preciso, mas ajuda. Senão, preparem a mente e o estômago para uma viagem atribulada, mas muito recompensadora.
Tuesday, February 10, 2009
Eu, que sempre tive fascínio por
viajar, ir viver, trabalhar para longe, conhecer outras culturas, pessoas, etc., "congelo" com o pensamento de poder realojar-me para lugares que distam só alguns kms do sítio onde estou? Quer dizer, eu sei porquê, isto é só retórica, este porquê não serve para eu tentar compreender porque não consigo mas sim para tentar saber porque é que fiquei assim.
Para qualquer mudança na minha vida ofereço muita resistência. Sinto que tenho de fazer um esforço hercúleo para me mexer só um pouco. Mesmo quando a mudança aparenta ser boa e motivadora, sinto-me melhor acomodado e conformado com a mediocridade. Porque assim não tenho de me mexer. Porque mexer-me implica muitas coisas que me custam demais e para as quais me sinto esgotado.
Para qualquer mudança na minha vida ofereço muita resistência. Sinto que tenho de fazer um esforço hercúleo para me mexer só um pouco. Mesmo quando a mudança aparenta ser boa e motivadora, sinto-me melhor acomodado e conformado com a mediocridade. Porque assim não tenho de me mexer. Porque mexer-me implica muitas coisas que me custam demais e para as quais me sinto esgotado.
Monday, February 09, 2009
O que é que se passa com o You Tube ?!?
Há vídeos que já não posso ver no meu país, os que posso ver não consigo ver, demoro uma eternidade para aceder ao site,... :( o You Tube é uma boa companhia para estas noites sós em frente ao computador, não me façam isso... :((
Sunday, February 08, 2009
Saturday, February 07, 2009
Às vezes, quando estou bem disposto,
só me apetece abraçar o mundo.
Mas, aos poucos, vou percebendo que não dá. O mundo foge-me por entre os braços e os dedos das mãos.
Mas, aos poucos, vou percebendo que não dá. O mundo foge-me por entre os braços e os dedos das mãos.
Wednesday, February 04, 2009
Um pensamento
O sonho comanda a vida. Mas não devia ser assim. Os objectivos é que deviam mandar na vida.
Os objectivos são sonhos com um plano.
Os objectivos são sonhos com um plano.
Tuesday, February 03, 2009
Got the spirit, lose the feeling
É assim que me sinto (sempre). Fora de onde quero estar, preso a coisas que não quero. Porque não posso. Porque precisava de ter energia que não tenho. Que parece ser tão fácil para tantos outros mas que para mim parece um mistério, parece-me vedada. Compreendo o que mas não sinto.
Aquela expressão dele nos últimos 10 segundos é a face do tédio e da frustração que é a minha vida.
"THE OFFICE - Christmas Special"
Cada vez me custa mais estar nos transportes públicos e ouvir as pessoas conversarem sobre o trabalho, quando é um trabalho interessante e onde se percebe que, mesmo com muitas preocupações, prazos e problemas, vale a pena estar ali.
Eu tenho muita coisa para ser resolvida na minha vida mas aquela que me aflige mais desde há alguns anos é a de não ter um emprego de que goste e que puxe por mim pelas ideias e pelo talento em vez de puxar pela resistência e pela paciência (para além do ordenado fraco e da falta de prestígio). Se pudesse mudar uma só coisa, era esta. E a partir daí podia começar a preocupar-me com o resto. É importante, por mim. Sei que está muita gente pior que eu, mas também há muita gente que está melhor. Não adianta entrar nestas filosofias, só nos distraem do essencial. Preciso disso acima de tudo para mim, para estar bem comigo. Não é para mostrar aos outros.
Hoje olhei-me ao espelho e não me reconhecia (ou não me queria reconhecer, é mais assim). Não gostava do que via. O cabelo, os óculos, a barba por fazer, a roupa velha e que já assenta muito mal, o físico muito magro e muito frágil. Não estava diferente em relação aos outros dias, mas hoje decidi demorar um pouco para olhar para mim.
Mas o que custa mais é ver a expressão nos olhos e na cara. Nem de propósito os outros conseguem ficar assim. É como nos últimos 10 segundos do vídeo, só que sempre. Mas é só o resultado daquilo que sinto por dentro. E mesmo que queira ter uma expressão mais agradável para os outros, custa muito. Posso aguentar durante 5/10 segundos mas depois deixa-me. Mais uma marca muito impressiva de como sou tão diferente...se ainda fosse para melhor... :'(
Aquela expressão dele nos últimos 10 segundos é a face do tédio e da frustração que é a minha vida.
"THE OFFICE - Christmas Special"
Cada vez me custa mais estar nos transportes públicos e ouvir as pessoas conversarem sobre o trabalho, quando é um trabalho interessante e onde se percebe que, mesmo com muitas preocupações, prazos e problemas, vale a pena estar ali.
Eu tenho muita coisa para ser resolvida na minha vida mas aquela que me aflige mais desde há alguns anos é a de não ter um emprego de que goste e que puxe por mim pelas ideias e pelo talento em vez de puxar pela resistência e pela paciência (para além do ordenado fraco e da falta de prestígio). Se pudesse mudar uma só coisa, era esta. E a partir daí podia começar a preocupar-me com o resto. É importante, por mim. Sei que está muita gente pior que eu, mas também há muita gente que está melhor. Não adianta entrar nestas filosofias, só nos distraem do essencial. Preciso disso acima de tudo para mim, para estar bem comigo. Não é para mostrar aos outros.
Hoje olhei-me ao espelho e não me reconhecia (ou não me queria reconhecer, é mais assim). Não gostava do que via. O cabelo, os óculos, a barba por fazer, a roupa velha e que já assenta muito mal, o físico muito magro e muito frágil. Não estava diferente em relação aos outros dias, mas hoje decidi demorar um pouco para olhar para mim.
Mas o que custa mais é ver a expressão nos olhos e na cara. Nem de propósito os outros conseguem ficar assim. É como nos últimos 10 segundos do vídeo, só que sempre. Mas é só o resultado daquilo que sinto por dentro. E mesmo que queira ter uma expressão mais agradável para os outros, custa muito. Posso aguentar durante 5/10 segundos mas depois deixa-me. Mais uma marca muito impressiva de como sou tão diferente...se ainda fosse para melhor... :'(
Monday, February 02, 2009
Hoje estive a actualizar o Curriculum Vitae
e apercebi-me de duas coisas:
- que quem o ler não me passa a conhecer;
- que o nível das minhas competências fora da formação escolar é patético, nem tinha essa noção (sabia que era mau, mas não assim)... pouca ou nenhuma formação profissional e específica e competências no trabalho demasiadamente básicas (esta foi a que doeu mais, sinto-me capacitado para muito mais mas não tenho nada para mostrar. E depois, com todas estas dificuldades de me relacionar com os outros, precisava de ter conhecimentos mais técnicos que não tenho - ainda, espero mudar. Não admira que as entrevistas para emprego corriam sempre mal).
- que quem o ler não me passa a conhecer;
- que o nível das minhas competências fora da formação escolar é patético, nem tinha essa noção (sabia que era mau, mas não assim)... pouca ou nenhuma formação profissional e específica e competências no trabalho demasiadamente básicas (esta foi a que doeu mais, sinto-me capacitado para muito mais mas não tenho nada para mostrar. E depois, com todas estas dificuldades de me relacionar com os outros, precisava de ter conhecimentos mais técnicos que não tenho - ainda, espero mudar. Não admira que as entrevistas para emprego corriam sempre mal).
Sunday, February 01, 2009
Friday, January 23, 2009
Sinto vergonha
Não gosto de ser tratado com condescendência e pouco valor. Detesto não conseguir dar-me com os outros, não ter maior proximidade com as pessoas, não ter uma vida social. Fico desesperado por alguma interacção, mesmo que negativa, é melhor que nenhuma interacção.
E quem não tem culpa, por causa de mal-entendidos e muita precipitação minha, depois leva por tabela. As poucas pessoas que me ligam algum.
Não me consigo aproximar dos outros e afasto quem, no mínimo, não me ignora. A história repete-se.
Nunca conseguirei estar bem, socialmente. Nunca. Sempre foi assim e por isso estou como estou. Estou preso. Tenho muita culpa mas não sou só eu. Houve certas alturas na vida em que teria de ser muito corajoso e sofrer durante um bom bocado, mas podia ter saído disto. Agora...
A minha vida sempre esteve alienada de mim.
A minha vida é arrastar-me.
E quem não tem culpa, por causa de mal-entendidos e muita precipitação minha, depois leva por tabela. As poucas pessoas que me ligam algum.
Não me consigo aproximar dos outros e afasto quem, no mínimo, não me ignora. A história repete-se.
Nunca conseguirei estar bem, socialmente. Nunca. Sempre foi assim e por isso estou como estou. Estou preso. Tenho muita culpa mas não sou só eu. Houve certas alturas na vida em que teria de ser muito corajoso e sofrer durante um bom bocado, mas podia ter saído disto. Agora...
A minha vida sempre esteve alienada de mim.
A minha vida é arrastar-me.
Wednesday, January 21, 2009
Gosto muito desta música
Muito, muito. E acho que esta versão ao vivo fica melhor que aquela do álbum.
"My Girls", do álbum "Merriweather Post Pavilion", Animal Collective, 2009
Is it much to admit I need
A solid soul and the blood I bleed
With a little girl, and by my spouse
I only want a proper house
I don't care for fancy things
Or to take part in a precious race
And children cry for the one who has
A real big heart and a father's grace
I don't mean to seem like I care about material things like a social status
I just want four walls and adobe slabs for the girl
"My Girls", do álbum "Merriweather Post Pavilion", Animal Collective, 2009
Is it much to admit I need
A solid soul and the blood I bleed
With a little girl, and by my spouse
I only want a proper house
I don't care for fancy things
Or to take part in a precious race
And children cry for the one who has
A real big heart and a father's grace
I don't mean to seem like I care about material things like a social status
I just want four walls and adobe slabs for the girl
A corrente mais forte
"É como se a minha vida fosse magicamente comandada por duas correntes eléctricas: alegre positiva e desesperada negativa — a que estiver em acção no momento domina a minha vida, inunda-a. Agora estou inundada de desespero, quase histeria, como se estivesse a sufocar. Como se uma grande coruja musculada estivesse sentada no meu peito, as suas garras apertando e comprimindo o meu coração."
Sylvia Plath, in "The Unabridged Journals of Sylvia Plath, 1950-1962 (edited by Karen V. Kukil)" (não li o livro)
(tradução minha)
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