As pessoas que sofrem de uma paixão não correspondida ou de um abandono, podem ficar carregadas de sentimentos de culpa, autopunição, desvalorização de si próprias, que conduzem a uma depressão mais ou menos severa.
Muitas vezes, a paixão serve para tapar vazios interiores que já tinham sido pressentidos. É a paixão que preenche esses vazios, mais que a presença do/a amado/a, que não é considerado na sua realidade. O amante passional raramente se dá conta das exigências do amado/a e é, por essa mesma razão, abandonado. Assim, o amor passional é acompanhado pela angústia da separação, originada não tanto pelo temor de perder o/a amado/a, mas mais pela ameaça de ser privada da própria paixão e da plenitude de sentimentos que esta garante.
Por isso, raras vezes o amor passional evolui em direcção a outras formas de amor menos ardentes: a paixão, por si só, vive do seu carácter incompleto. Os amantes passionais, exaltando a sua capacidade de amar, lamentam a incompreensão dos outros relativamente aos seus sentimentos. Mas esta impossibilidade depende menos do outro do que da incapacidade de quem está apaixonado de se dar conta dos limites reais e das exigências do outro.
É muito importante descobrir que outros interesses convivem na personalidade de quem está apaixonado de modo a desmobilizar as imensas energias que tinham sido investidas no sentimento passional, direccionando-as para outros sítios, de modo a preencher, pouco a pouco, o vazio em que a pessoa se encontra imersa.
in "Compreender os Sentimentos", Vera Slepoj
Monday, February 16, 2009
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