Monday, February 16, 2009

Paixão não correspondida

As pessoas que sofrem de uma paixão não correspondida ou de um abandono, podem ficar carregadas de sentimentos de culpa, autopunição, desvalorização de si próprias, que conduzem a uma depressão mais ou menos severa.
Muitas vezes, a paixão serve para tapar vazios interiores que já tinham sido pressentidos. É a paixão que preenche esses vazios, mais que a presença do/a amado/a, que não é considerado na sua realidade. O amante passional raramente se dá conta das exigências do amado/a e é, por essa mesma razão, abandonado. Assim, o amor passional é acompanhado pela angústia da separação, originada não tanto pelo temor de perder o/a amado/a, mas mais pela ameaça de ser privada da própria paixão e da plenitude de sentimentos que esta garante.
Por isso, raras vezes o amor passional evolui em direcção a outras formas de amor menos ardentes: a paixão, por si só, vive do seu carácter incompleto. Os amantes passionais, exaltando a sua capacidade de amar, lamentam a incompreensão dos outros relativamente aos seus sentimentos. Mas esta impossibilidade depende menos do outro do que da incapacidade de quem está apaixonado de se dar conta dos limites reais e das exigências do outro.
É muito importante descobrir que outros interesses convivem na personalidade de quem está apaixonado de modo a desmobilizar as imensas energias que tinham sido investidas no sentimento passional, direccionando-as para outros sítios, de modo a preencher, pouco a pouco, o vazio em que a pessoa se encontra imersa.


in "Compreender os Sentimentos", Vera Slepoj

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