Thursday, February 26, 2009

Raivas

Por vezes, pareço um indigente que está sentado na calçada de uma rua, encostado à parede suja de um prédio, olhando para cima onde vejo as pessoas a passar, mais ou menos preocupadas com a vida, alegres ou tristes, mas ignorando-me. A minha vida fica parada a sofrer, bloqueada, sem forças para se mexer, enquanto que os outros seguem em frente sem que dêem por mim ou sem se lembrarem de mim.
Prefiro que me atirem uma pedra a isto.


Outras vezes, um pouco do nada, só me apetece virar-me para determinadas personalidades que cruzam os meus caminhos com uma certa frequência e gritar-lhes:
irritas-me tanto!!

Tuesday, February 24, 2009

Terça-Feira diferente

Hoje, dia de Carnaval, lembrei-me tantas, tantas vezes de quando me mascarava quando era pequeno. E de quais as personagens que encarnava - de palhaço, de cowboy, de índio (para compensar:) e lembro-me, sobretudo, da de Zorro. Mascarava-me porque todas as outras crianças o faziam. Não estava particularmente interessado em viver aventuras diferentes por um dia através dos personagens, mas divertia-me muito na escola com os colegas. E quando o dia coincidia com o meu aniversário, sentia que tinha-me saído o jackpot! Ia tudo para minha casa para a festa e aí é que era a grande diversão, para pânico dos meus pais :) (tinham medo que se sujasse muito a casa ou que se partisse qualquer coisa :).
Depois cresci, passei ou a não achar muita piada ao Carnaval ou mesmo a rejeitá-lo e já há muitos, muitos, muitos anos que não significa mais para mim que outro feriado. Só tenho de ter cuidado para evitar os balões de àgua, os ovos estragados e as lâmpadas (sim, há uns anos atiraram-me com uma e quase me acertavam). Posso sempre lembrar-me dos fatos e máscaras que vestia, sobretudo nas conversas com outros, mas nada que se compare ao que me aconteceu hoje.

Ainda não há muitos meses estive com um ataque de saudades e fui visitar todas as fotografias que a minha Mãe tem guardadas da família. Centrei-me naquelas onde eu figurava quando era criança e jovem adolescente – que, das minhas, são quase todas – e lembro-me que a fotografia que mais me prendeu e me tocou foi aquela em que estou mascarado de Zorro no Carnaval de 1986, no meio da Praça do Bocage (quando ainda tinha relva). Sei que era 1986 porque por trás de mim, ao longe, está uma faixa de campanha eleitoral com “Soares É Fixe” escrito. Eu estava com o ar um pouco envergonhado, a máscara a incomodar-me nos olhos e a fazer um gesto com a espada claramente a pedido da família. Apesar do ar embaraçado porque era de pose, não acredito que me sentisse assim no resto do dia – era verdadeiramente, e sem reticências, um dia alegre e de alegria.
E vi naquela criança alguém muito sensível, um pouco danificado e precioso. Daqueles meninos que as senhoras têm vontade de ir abraçar, porque parecem muito queridos. A minha Mãe era muito assim comigo.
A fantasia do Zorro, o centro da cidade diferente, o “Soares É Fixe”, a sensação da família do lado de lá da câmara fotográfica, olhando na mesma direcção. Transportam-me, mais que para outra época, para outras emoções e sentimentos que a memória resolveu esconder num canto mais ou menos escuro.
Hoje pensei novamente nessa foto.

Não sei porque é que me lembrei destas coisas e porque lhes estou a dar esta importância. Eu, que tento sempre psicanalizar tudo, e sempre com pelo menos algum sucesso. Será dos meu aniversário estar quase aí, e de não ter vontade de acrescentar mais um ano à idade? E de ter saudades da simplicidade de várias das coisas na infância, e de sentir que estou neste mundo adulto ainda com as forças de uma criança?
Será de tudo isto? Ou de nada disto? Ou de outras coisas, talvez mais prosaicas?

Não sei dizer. Mas que foi um dia bem diferente do habitual para o meu Eu interior, isso foi.

Sunday, February 22, 2009

Vale a pena ler de novo

Hoje começei a ler um livro. Já não me lembro da vez anterior a esta. Nem de qual era o livro. Apenas que custava (e continua a custar) muito concentrar-me a ler e por isso não o fazia. E perdia muito.

Mas vou esforçar-me. E para compensar, a seguir àquele começei a ler outro livro. Estou então a ler dois livros, muito diferentes um do outro. E sinto-me contente. Só preciso de não me sentir abatido, não pensar noutras coisas. Apenas apreciar e desfrutar a leitura.

Tentar descomplicar-me um bocadinho (com as complicações que isso acarreta).

Friday, February 20, 2009

Lost in Translation


Charlotte: I just don't know what I'm supposed to be.
Bob: You'll figure that out. The more you know who you are, and what you want, the less you let things upset you.
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Charlotte: I tried taking pictures, but they were so mediocre. I guess every girl goes through a photography phase. You know, horses... taking pictures of your feet.
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Bob: I was feeling tight in the shoulders and neck, so I called down and had a Shiatsu massage in my room...
Charlotte: Mmh, that's nice!
Bob: And the tightness has completely disappeared and been replaced by unbelievable pain!
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Bob: It gets a whole lot more complicated when you have kids.
Charlotte: It's scary.
Bob: The most terrifying day of your life is the day the first one is born.
Charlotte: Nobody ever tells you that.
Bob: Your life, as you know it... is gone. Never to return. But they learn how to walk, and they learn how to talk... and you want to be with them. And they turn out to be the most delightful people you will ever meet in your life.
Charlotte: That's nice.
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Charlotte: So, what are you doing here?
Bob: Uh, a couple of things. Taking a break from my wife, forgetting my son's birthday. And, uh, getting paid two million dollars to endorse a whiskey when I could be doing a play somewhere.
Charlotte: Oh.
Bob: But the good news is, the whiskey works.

Verão Azul

Para matar saudades, aqui está o genérico inicial. Esta era o ponto alto de muitos dos dias da minha infância:



(ai, tão apaixonado que eu estava pela Bea...)

(estou com vontade de ir comprar os DVD's da série:)

Thursday, February 19, 2009

Razões para viver



(cliquem na imagem para se ler melhor)

Será que ainda sou um jovem?

Acho que não, porque não tenho idade para isso.
Mas sinto-me um jovem - um adolescente, em concreto, porque, essencialmente, acho que vivo como um adolescente à beira de me tornar um jovem adulto em vez de ser um jovem adulto tardio prestes a assumir uma adultez plena.

É o que faz estar quase a chegar mais um aniversário, pensar nestas coisas. Ou se calhar não, penso nelas muitas vezes, mas nestas alturas dedico-lhes mais tempo. Ou lembro-me mais que penso nelas.

Mal chega o Ano Novo começo a imaginar que já tenho a idade que vou ter dali a 2 meses. Para não custar tanto a transição.

Os meus aniversários passaram de doces a agridoces a apenas agri.
Os três estádios de vida da minha vida interior.

Ouvindo bandas-sonoras

Outra forma de estar perto dos filmes e das séries TV. E outra forma de vê-los.
Ou: quando a música eleva as motion pictures para o estado de (e)motion pictures.


"Lost in Translation"
"South Park Christmas Classics"
"Blade Runner"
"The Essential John Carpenter Collection"
"Barry Lyndon"
"2001 - A Space Odissey"
"Mulholland Drive"
"Twin Peaks"

Percebo-te, Linus




"I love mankind; it's people I can't stand"

Vários lados para a mesma história

Sinto-me e ajo como um esquizofrénico. E sinto-me cada vez pior por isso. Eu sei que tenho muitos lados e sou complexo, isso é bom, gosto disso, mas quero dar prioridade a certas coisas que não posso ou não consigo. Preciso de equilíbrio e de confiança para ir atrás do que quero e deixar de parte e/ou recusar outras solicitações, mesmo que pareçam aliciantes aos olhos dos outros (sempre precisei). Mas falta-me... sempre... algo...



(Se ao menos eu não me sentisse sempre tão mal e inadequado em situações sociais...)
(se ao menos eu conseguisse manter os amigos que quero...)

Monday, February 16, 2009

Twitter

O Twitter é giro. Espero que não me afaste do Blog.

(olha, esta podia estar no Twitter!!, não te ponhas a pau não, Blog...:)

Paixão não correspondida

As pessoas que sofrem de uma paixão não correspondida ou de um abandono, podem ficar carregadas de sentimentos de culpa, autopunição, desvalorização de si próprias, que conduzem a uma depressão mais ou menos severa.
Muitas vezes, a paixão serve para tapar vazios interiores que já tinham sido pressentidos. É a paixão que preenche esses vazios, mais que a presença do/a amado/a, que não é considerado na sua realidade. O amante passional raramente se dá conta das exigências do amado/a e é, por essa mesma razão, abandonado. Assim, o amor passional é acompanhado pela angústia da separação, originada não tanto pelo temor de perder o/a amado/a, mas mais pela ameaça de ser privada da própria paixão e da plenitude de sentimentos que esta garante.
Por isso, raras vezes o amor passional evolui em direcção a outras formas de amor menos ardentes: a paixão, por si só, vive do seu carácter incompleto. Os amantes passionais, exaltando a sua capacidade de amar, lamentam a incompreensão dos outros relativamente aos seus sentimentos. Mas esta impossibilidade depende menos do outro do que da incapacidade de quem está apaixonado de se dar conta dos limites reais e das exigências do outro.
É muito importante descobrir que outros interesses convivem na personalidade de quem está apaixonado de modo a desmobilizar as imensas energias que tinham sido investidas no sentimento passional, direccionando-as para outros sítios, de modo a preencher, pouco a pouco, o vazio em que a pessoa se encontra imersa.


in "Compreender os Sentimentos", Vera Slepoj

Saturday, February 14, 2009

Sinto-me muito inadequado para este mundo. Ou então é o mundo que é inadequado a mim, é mais fácil pensar assim. Talvez eu tenha mais razão.
Ou então (é mais assim) eu sou, de facto, inadequado para este mundo mas o mundo não compreende porquê, analisa-me com base nas convenções comuns e tira conclusões erradas. Por fim, ignora-me. Eu precisaria de algum amparo e, sobretudo, de uma atitude diferente perante mim para criar condições para ultrapassar a barreira entre mim e os outros. Mais compreensão, talvez. Não sou mimado, uma pessoa precisa do que precisa. Mas não posso estar à espera disso.

Só sei que eu e o mundo não nos entendemos.

Thursday, February 12, 2009

Tindersticks [II]


"Tindersticks [II]", Tindersticks, 1995

Esta é a minha música favorita neste momento - música deprimida para gente deprimida.
Canções difíceis de amor, sofrimento e busca de redenção.
Romantismo triste, resignado e obscuro.
Músicos a dançar no Inferno para poderem vislumbrar o Céu. Sarabandas, não valsas.
Música que assusta. Que arrepia e faz chorar.
Melodias belas, muito belas. Difíceis, desconfortáveis, por vezes até um pouco desagradáveis, mas muito belas.
Andam por aqui a pairar muitos fantasmas reconhecíveis, como Leonard Cohen ou Nick Cave, Ian Curtis ou Scott Walker. E li que Lee Hazlewood também anda por aqui (este para mim não serve de referência porque nunca o ouvi - a falta é minha).
Uma voz grave (muito grave), melancólica, cansada, sonolenta, rabugenta, sensível, educada, ternurenta. Sentida.
Banda e orquestra que nos querem amedrontar, dotadas de muito talento e de muito bom gosto, com as composições e os arranjos injectados de lúxuria e de verve. Nós escutamos e sentimos. E gostamos, muito.
Música para gente sentada. Ou deitada.
Música deprimida para gente deprimida. Ou não, também não é preciso, mas ajuda. Senão, preparem a mente e o estômago para uma viagem atribulada, mas muito recompensadora.

She's Gone



Tindersticks

Tuesday, February 10, 2009

Hoje estou assim



por isso não se metam comigo, senão...

Eu, que sempre tive fascínio por

viajar, ir viver, trabalhar para longe, conhecer outras culturas, pessoas, etc., "congelo" com o pensamento de poder realojar-me para lugares que distam só alguns kms do sítio onde estou? Quer dizer, eu sei porquê, isto é só retórica, este porquê não serve para eu tentar compreender porque não consigo mas sim para tentar saber porque é que fiquei assim.

Para qualquer mudança na minha vida ofereço muita resistência. Sinto que tenho de fazer um esforço hercúleo para me mexer só um pouco. Mesmo quando a mudança aparenta ser boa e motivadora, sinto-me melhor acomodado e conformado com a mediocridade. Porque assim não tenho de me mexer. Porque mexer-me implica muitas coisas que me custam demais e para as quais me sinto esgotado.

Monday, February 09, 2009

O que é que se passa com o You Tube ?!?

Há vídeos que já não posso ver no meu país, os que posso ver não consigo ver, demoro uma eternidade para aceder ao site,... :( o You Tube é uma boa companhia para estas noites sós em frente ao computador, não me façam isso... :((

Sunday, February 08, 2009

Tindersticks



"City Sickness", in "Tindersticks", Tindersticks, 1993

Saturday, February 07, 2009

Às vezes, quando estou bem disposto,

só me apetece abraçar o mundo.

Mas, aos poucos, vou percebendo que não dá. O mundo foge-me por entre os braços e os dedos das mãos.

A partir de hoje, new look

Wednesday, February 04, 2009

Um pensamento

O sonho comanda a vida. Mas não devia ser assim. Os objectivos é que deviam mandar na vida.

Os objectivos são sonhos com um plano.

Tuesday, February 03, 2009

Got the spirit, lose the feeling II



"Disorder", in "Unknown Pleasures", Joy Division, 1979

Got the spirit, lose the feeling

É assim que me sinto (sempre). Fora de onde quero estar, preso a coisas que não quero. Porque não posso. Porque precisava de ter energia que não tenho. Que parece ser tão fácil para tantos outros mas que para mim parece um mistério, parece-me vedada. Compreendo o que mas não sinto.
Aquela expressão dele nos últimos 10 segundos é a face do tédio e da frustração que é a minha vida.



"THE OFFICE - Christmas Special"


Cada vez me custa mais estar nos transportes públicos e ouvir as pessoas conversarem sobre o trabalho, quando é um trabalho interessante e onde se percebe que, mesmo com muitas preocupações, prazos e problemas, vale a pena estar ali.
Eu tenho muita coisa para ser resolvida na minha vida mas aquela que me aflige mais desde há alguns anos é a de não ter um emprego de que goste e que puxe por mim pelas ideias e pelo talento em vez de puxar pela resistência e pela paciência (para além do ordenado fraco e da falta de prestígio). Se pudesse mudar uma só coisa, era esta. E a partir daí podia começar a preocupar-me com o resto. É importante, por mim. Sei que está muita gente pior que eu, mas também há muita gente que está melhor. Não adianta entrar nestas filosofias, só nos distraem do essencial. Preciso disso acima de tudo para mim, para estar bem comigo. Não é para mostrar aos outros.

Hoje olhei-me ao espelho e não me reconhecia (ou não me queria reconhecer, é mais assim). Não gostava do que via. O cabelo, os óculos, a barba por fazer, a roupa velha e que já assenta muito mal, o físico muito magro e muito frágil. Não estava diferente em relação aos outros dias, mas hoje decidi demorar um pouco para olhar para mim.
Mas o que custa mais é ver a expressão nos olhos e na cara. Nem de propósito os outros conseguem ficar assim. É como nos últimos 10 segundos do vídeo, só que sempre. Mas é só o resultado daquilo que sinto por dentro. E mesmo que queira ter uma expressão mais agradável para os outros, custa muito. Posso aguentar durante 5/10 segundos mas depois deixa-me. Mais uma marca muito impressiva de como sou tão diferente...se ainda fosse para melhor... :'(

Monday, February 02, 2009

Hoje estive a actualizar o Curriculum Vitae

e apercebi-me de duas coisas:

- que quem o ler não me passa a conhecer;

- que o nível das minhas competências fora da formação escolar é patético, nem tinha essa noção (sabia que era mau, mas não assim)... pouca ou nenhuma formação profissional e específica e competências no trabalho demasiadamente básicas (esta foi a que doeu mais, sinto-me capacitado para muito mais mas não tenho nada para mostrar. E depois, com todas estas dificuldades de me relacionar com os outros, precisava de ter conhecimentos mais técnicos que não tenho - ainda, espero mudar. Não admira que as entrevistas para emprego corriam sempre mal).

Sunday, February 01, 2009

Sinto-me tão realizado quanto ele



(menos a parte da vida amorosa, essa não me incomoda)