Friday, May 01, 2009

O cão de Pavlov


Hoje vi o presidente da CM Lisboa num debate na televisão a fazer aquilo que os maus políticos (que no PS são quase todos) fazem: tentam limpar a imagem do seu partido, não querendo saber se o que dizem é verdadeiro ou falso, o que interessa é que a imagem fique imaculada aos olhos dos outros, por isso não se pode beliscar essa "pureza".
Lembrei-me dos reflexos de Pavlov, quando o cãozinho reagia após tocarem o sino ("reflexos condicionados", dizia). Portanto: se alguém diz algo menos simpático relativo à imagem das cores que defendo, tenho de reagir de imediato, como alguém que tenta apagar um mini-incêndio que tenha acabado de se deflagrar. Não para esclarecer se o que se disse é verdade ou falso, mas para que a tal imagem não fique beliscada.
O mais triste (e é por isso que que me apetece escrever sobre isto) é que parece que é disso mesmo que o povo gosta. A pequena burguesia que é parte significante deste país e que decide as eleições, e que a esquerda julga ser a sua base de apoio natural, é ela mesma que alimenta não só o capitalismo (que em si nada tem de mal), mas também pede discursos medíocres e populistas em vez de raciocínio, bom-senso e riqueza de espírito.
Os políticos que temos são feitos à imagem do povo que temos. Se Sócrates e os governantes são assim é por pragmatismo e não por ideologia. Se o povo gostasse de outro tipo de pessoas, não teríamos outro tipo de políticos no poder mas sim os mesmos a comportarem-se de maneira diferente. É uma pescadinha-de-rabo-na-boca.

Pegando nisto e no não poderem beliscar, pôr em causa o que somos, temos uma sociedade muito acriançada e muito pouco desenvolvida. As pessoas, em média, só querem ter conhecimentos técnicos que lhes permitam ter um emprego que lhes permita ter um estilo de vida tendencialmente materialista e consumista. Vivem embriagados nessa filosofia. O resto não interessa, não lhes diz respeito. Não têm um mínimo de cultura, seja em que àrea for. E não querem passar das aparências.
É disto que que não vejo os políticos e a comunicação social (esta também merece muitos puxões de orelhas) falar. E por isso temos a sociedade que temos. E os políticos que temos. Se eu fosse realizador de cinema ou escritor, era este o tipo de material que escolheria para as minhas obras (porque também as novelas e o nosso cinema andam distraídos com outras coisas ou com abordagens fracas, repisando clichés atrás de clichés), para além do amor.

2 comments:

subjectiva said...

sim,senhor! Grande post!!!! está a respirar-se de outra maneira aqui neste blog, também com a música.

:)

beijinhos

Pedro said...

obrigado, amiga :)))

beijinhos!