Wednesday, December 31, 2008

Fim de Ano / Novo Ano

Gosto do Natal e do Ano Novo, mas não gosto do meu Natal e do meu Ano Novo.

Esta época, de balanço, mais uma vez trouxe-me recordações e sensações difíceis, a cada ano que passa tenho menos aquela ideia e desejo de quando era mais novo de que, daqui a uns anos, isto vai melhorar e vou deixar de me preocupar tanto. Incapaz para alterar o quer que seja, por falta de capacidade ou de vontade, sinto-me resignado com a vida e ainda sou muito novo para isso. Mas as janelas de oportunidade de saída há muito se fecharam. E com pais demasiadamente imbecis e crianças e com quem não se consegue encontrar um ponto, uma coisinha importante onde possa existir um entendimento entre mim eles (nem entre eles, nem com eles próprios), com esta depressão que está cá desde que me lembro de mim, que me restringe e me deixa isolado e sem aptidões sociais, que não me deixam ser amigo de ninguém (e assim são poucos os que querem ser meus amigos).

As convenções fazem-me sentir um mimado por estar assim apesar de haver muitas pessoas no mundo que estão a morrer de fome ou não têm um tecto para viver... é verdade, mas também não choro por não ser rico...tenho as minhas expectativas que fazem de mim uma pessoa normal, com aspirações normais... sentir-me numa família que seja minimamente adulta, para acabar com a sensação de desamparo; não ter perdido todos aqueles amigos que perdi por não saber demonstrar como gosto dos outros; ter um trabalho que faça uso do meu potencial que sei que tenho, porque quero esconder-me, porque tenho muito a esconder a nada a querer partilhar... e já agora, estar num mundo em que a maioria das pessoas não vá ficando cada vez mais pobre de espírito...

Para acabar numa tom positivo, desejo a todos, com muita sinceridade, um excelente ano de 2009, com um pouco desta alegria e esperança que o Charlie Brown e os amigos transmitem

Monday, December 29, 2008

Mais um anúncio direitinho do baú



Nescafé

É simples e belo, fico com um nó na garganta...

Wednesday, December 24, 2008

Tuesday, December 23, 2008

Ai, que saudades... (ai, ai!)



Fantasias de Natal



Bombokas

Também, Snoopy?

Antes do Martini man...





Aqui estão 2 anúncios da Martini de meados dos anos 80 que só podiam ser dos anos 80 (a tal atmosfera à la eighties...). Parecem um gelado (um Cornetto, talvez?) no fim de uma tarde de Verão passada na praia (na praia da Figueirinha ou na Tróia) - passageiros, inconsequentes, leves, refrescantes, deliciosos e que te deixam feliz no final e a pedir por mais. Como uma boa canção pop.
Têm em mim o efeito que tem aquelas coisas que ficam no nosso imaginário desde pequenos e que, quando revisitadas décadas depois, mesmo quando pensamos que já não nos lembrávamos, fazem um clique imediato e nos despertam para algo de que gostamos mas que estava perdido na memória. Em mim, despertam-me para uma certa inocência e alegria de viver que sentia em criança, que é típica do ser criança.
Se fosse mais emocional com estas coisas já estava a chorar :)

(e a rapariga, a mesma nos 2 anúncios, agora é uma dona-de-casa desesperada!)

Tangerine Dream



"Love on a Real Train"

imagens do filme RISKY BUSINESS, Paul Brickman, 1983

Descobri esta música - este som - neste filme onde o Tom Cruise até parecia ser um bom actor. Tem aqueles sintetizadores à anos 80 de que me recordo quando era muito novo, um som e um imaginário nos filmes, músicas e anúncios muito new wave que me deixavam fascinado, com uma cor e plasticidade e, sobretudo, uma atmosfera muito próprios. (Alguém se lembra do anúncio da Martini, com uma rapariga de patins a atravessar meia Los Angeles para levar um Martini a uma reunião de negócios yuppie num último andar de um arranha-céus?).
Acho que estou a apanhar uma febre de revisitação a filmes e bandas-sonoras típicas dos anos 80 não tarda nada...

Saturday, December 20, 2008

Friday, December 19, 2008

Mais 2 poemas

Tudo quanto Sonhei se Foi Perdido

O que sonhei e antes de vivido
Era perfeito e lúcido e divino,
Tudo quanto sonhei se foi perdido
Nas ondas caprichosas do destino.

Que os fados em mim mesmo depuseram
Razões de ser e de não ser, contrárias,
Nas emoções que, dentro em mim, cresceram
Tumultuosas, carinhosas, várias.

Naqueles seres que fui dentro de um ser,
Que viveram de mais para eu viver
A minha vida luminosa e calma,

Se desdobraram gestos de menino
E rudes arremedos de assassino.
Foram almas de mais numa só alma.

Francisco Bugalho, in "Dispersos e Inéditos"

Os Amigos

Os amigos amei
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham,
a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria
partilhar
a sede de alegria —
por mais amarga.

Eugénio de Andrade, in "Coração do Dia"

Num outro blogue

Há alturas assim, parece que se vive naqueles pesadelos em que se quer correr e não se sai do sítio, porque é difícil correr no meio de gelatina, da pasta viscosa da nossa anomia. Freud explica, qualquer manual dos sonhos explica, mas continua-se a sonhar o mesmo. Tudo é pastoso, parece um barco que entra no lodo e não avança mais no meio de um grande e enorme rio. Toda a agitação é vã, sabe-se que algures há um perigo indefinido, uma escuridão que avança, um movimento profundo nas águas. O barco está bem encalhado no meio do rio e não se consegue fugir para fora do perigo.

Thursday, December 18, 2008

2 poemas sobre

a dor - que nesta altura do ano é-me sempre mais chegada. Por mais que uma razão, Dezembro traz-me recordações e emoções difíceis.


O que Me Dói não É

O que me dói não é
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão...

São as formas sem forma
Que passam sem que a dor
As possa conhecer
Ou as sonhar o amor.

São como se a tristeza
Fosse árvore e, uma a uma,
Caíssem suas folhas
Entre o vestígio e a bruma.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

A Dor Tem um Elemento de Vazio

A Dor - tem um Elemento de Vazio -
Não se consegue lembrar
De quando começou - ou se houve
Um tempo em que não existiu -

Não tem Futuro - para lá de si própria -
O seu Infinito contém
O seu Passado - iluminado para aperceber
Novas Épocas - de Dor.

Emily Dickinson, in "Poemas e Cartas"
Tradução de Nuno Júdice

Sunday, December 14, 2008

Saturday, December 13, 2008

Estar constipado e engripado é mau, mas o pior, pelo menos comigo, é que me fazem ficar mais neurótico, tudo o que está mal na vida aparece à superfície e a perturbação que daí advém deixa-me ainda mais fragilizado. Sinto o precipício menos distante.

Quero melhorar depressa sobretudo para me livrar de tudo isto. :@

Thursday, December 11, 2008

O Programa Do Aleixo III

A tinha amarela; os sinais na Sueca; os hamburgueres que se decompõem; os iogurtes sem prazo de validade; as peças para rir, os trunfos na Sueca e a metáfora; o rissól no auto-rádio; o Bocage e a anedota do Bocage; o Bruno que não foi ver o Monty Python; esquentador e cilindro, o nojo em tomar banho nas pensões; tomar banho em casa do Miguel Guilherme - com um shampoo 2 em 1 (grande) - mas tomar banho na casa do Bruno já não pode ser.

Monday, December 08, 2008

Há anos que não tinha soluços,

e não tinha saudades nenhumas :(... já me dói o estômago de tanto soluçar... até assustei alguém no trabalho com um soluço :D

Levantar-me às 06:30 num feriado é mau, ter a companhia dos soluços para o resto do dia é bem pior...

Friday, December 05, 2008

Da (ausência na) amizade

Distância e longa ausência prejudicam qualquer amizade, por mais desgostoso que seja admiti-lo. As pessoas que não vemos, mesmo os amigos mais queridos, aos poucos se evaporam no decurso do tempo até ao estado de noções abstractas, e o nosso interesse por elas torna-se cada vez mais racional, de tradição. Por outro lado, conservamos interesse vivo e profundo por aqueles que temos diante dos olhos, nem que sejam apenas os animais de estimação. Tão presa aos sentidos é a natureza humana. Por isso, aqui também são sábias as palavras de Goethe: O tempo presente é um deus poderoso.

in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida', Arthur Schopenhauer

Thursday, December 04, 2008

Woman Power

A propósito do Super Bock em Stock:

"Little Bit" - Lykke Li

"Lights Out" - Santogold

"Paris Is Burning" - Ladyhawke

Monday, December 01, 2008

Programa do Aleixo II

Cada vez me cai mais no goto. Já o prefiro ao Gato Fedorento (versão Zé Carlos), aos Contemporâneos e à Liga dos Últimos, e isso é dizer muito.

Mais cabeças nos anos 80

"Get Lucky" - New Young Pony Club

Sunday, November 30, 2008

Pessoa

N. 13 de Junho de 1888
M. 30 de Novembro de 1935

"I know not what tomorrow will bring..."

Saturday, November 29, 2008

A chuva

Em homenagem à chuva de hoje (que ainda cai lá fora), aqui ficam 2 poemas dos heterónimos:


O dia deu em chuvoso.
A manhã, contudo, esteve bastante azul.
O dia deu em chuvoso.
Desde manhã eu estava um pouco triste.

Antecipação! Tristeza? Coisa nenhuma?
Não sei: já ao acordar estava triste.
O dia deu em chuvoso.

Bem sei, a penumbra da chuva é elegante.
Bem sei: o sol oprime, por ser tão ordinário, um elegante.
Bem sei: ser susceptível às mudanças de luz não é elegante.
Mas quem disse ao sol ou aos outros que eu quero ser elegante?
Dêem-me o céu azul e o sol visível.
Névoa, chuvas, escuros — isso tenho eu em mim.

Hoje quero só sossego.
Até amaria o lar, desde que o não tivesse.
Chego a ter sono de vontade de ter sossego.
Não exageremos!
Tenho efetivamente sono, sem explicação.
O dia deu em chuvoso.

Carinhos? Afetos? São memórias...
É preciso ser-se criança para os ter...
Minha madrugada perdida, meu céu azul verdadeiro!
O dia deu em chuvoso.

Boca bonita da filha do caseiro,
Polpa de fruta de um coração por comer...
Quando foi isso? Não sei...
No azul da manhã...

O dia deu em chuvoso.

"Trapo", in "Poesias", Álvaro de Campos



Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é.

"Um Dia de Chuva", in "Poemas Inconjuntos", Alberto Caeiro

Friday, November 28, 2008

Hopper

Alguém sabe o nome deste quadro?

Programa do Aleixo

Este programa faz-me rir. Muito.
A música do Scatman nunca mais será a mesma.

Estou letárgico,

e por isso também desinspirado e sem ideias novas, assim este blogue já começou e vai continuar a ser, pelo menos nos próximos tempos, muito mais visual que escrito.

Mão nos lábios

"Hands On Lips" - Man Ray

Thursday, November 27, 2008

Espelho no espelho

Este post da Sara recordou-me estas cenas e este filme:

Parte 1

Parte 2

HEAVEN - Tom Tykwer, 2002

Presos nos anos 80

"Two Doors Down" - Mystery Jets

Alexander Rodchenko

Morning Gymnastics on the Roof of a Students' Hostel in Lefortovo

Stairs

Girl with Leica

Tuesday, November 25, 2008

No Cars Go

These days

"Morning seems strange, almost out of place.
Searched hard for you and your special ways.
These days, these days."

All I Need

Para a BraveJane

Sunday, November 23, 2008

Esquizoidia

Hoje li uma definição de esquizoidia -- (...) tendência para a solidão, o autismo, o devaneio e para uma má adaptação à realidade exterior -- e revejo-me demais nela,... e que evoluiu de outra coisa chamada esquizotimia... não admira que eu ande sempre como ando... ;(

Posto de Escuta

Álbuns:

"Fantastic Playroom" - New Young Pony Club
"Ladyhawke" - Ladyhawke
"The First Album" - Madonna
"Moon Safari" - Air
"Psyence Fiction" - UNKLE
"White Album" - The Beatles

Canções:

"Open Invitation" - Black Rebel Motorcycle Club
"Emotional Rescue" - The Rolling Stones
"Sex On Fire" - Kings Of Leon
"Apollo-Gize" (Fred Falke edit) - Digitalism
"Harbour" - Moby feat. Sinéad O'Connor
"Little Bit" (CSS remix) - Lykke Li
"Paris" (Aeroplane remix) - Friendly Fires feat. Au Revoir Simone
"End Of The Road" - The Teenagers

As minhas séries de TV

Aqui restringidas às anglo-saxónicas. Não estão aqui todas, mas estão aquelas de que me recordo neste momento. Também não acrescentaria muitas mais.
Por nenhuma ordem em especial.

Comédia britânica:

"Absolutamente Fabulosas"
"Big Train"
"Blackadder"
"Da Ali G Show"
"Extras"
"Fawlty Towers"
"Green Wing"
"...Alan Partridge"
"Little Britain"
"Monty Python"
"Nighty Night"
"Peep Show"
"Smack The Pony"
"Spaced"
"Teachers"
"The Catherine Tate Show"
"The Office"
"The Royle Family"

Comédia norte-americana:

"Uma Família às Direitas"
"Ally McBeal"
"Arrested Development"
"Chappelle's Show"
"Calma, Larry"
"Quem Sai aos Seus"
"Flight of the Conchords"
"Frasier"
"Late Night with Conan O'Brien"
"Seinfeld"
"The Comeback"
"The Daily Show with Jon Stewart"

Drama/Acção britânico:

"Doctor Who"
"Prime Suspect"
"Testemunha Silenciosa"
"Waking the Dead"

Drama/Acção norte-americano:

"Big Love"
"Buffy"
"CSI"
"Californication"
"Carnivale"
"Sem Escrúpulos"
"Dexter"
"Entourage"
"Friday Night Lights"
"House"
"Huff"
"Balada de Hill Street"
"Joan of Arcadia"
"Kyle XY"
"Medium"
"Balada de Nova Iorque"
"Nip/Tuck"
"Lost"
"Oz"
"Começar de Novo"
"Adultos à Força"
"Rescue Me"
"Roma"
"Sete Palmos de Terra"
"Sleeper Cell"
"O Protector"
"Twin Peaks"
"Unscripted"
"Os Sopranos"
"Erva"

Animação:

"Charlie Brown"
"Count Duckula"
"Daria"
"Family Guy"
"Dr Katz"
"Home Movies"
"Samurai Jack"
"South Park"
"Os Simpsons"


Eu vejo televisão a mais, eu sei...

Saturday, November 22, 2008

Sunday, November 16, 2008

guilty pleasure



OK, não é bem guilty pleasure porque eu acho que é mesmo muito bom: adoro e sempre adorei a Madonna dos anos 80. Nos anos 90 o interesse desvaneceu-se um pouco e nesta década só pontualmente adiro à sua onda mais direccionada para as pistas de dança, mas os seus anos 80 foram fabulosos! Era uma altura em que os excessos, o consumismo, o plasticismo, etc. tinham uma aura diferente porque não se faziam estas músicas só para atingir a fama e o sucesso mas também para abanar um pouco o panorama na música, na imagem e na sociedade - nas mentalidades. Eu tinha uma crush infantil por ela, impressionava-me muito pelo estilo muito moderno, por ser muito gira, por dançar bem e ter canções mutio viciantes.

Eu era pequeno e lembro-me de sair da escola primária e ir a correr para minha casa ou da minha tia para ver, primeiro, o D'Artacão, e depois um programa intitulado Countdown que passava na RTP 2 e que me introduziu, para além de Madonna, também Prince, Michael Jackson, U2, Depeche Mode, New Order, etc. e, sobretudo, despertou o meu gosto insaciável pelo pop-rock que jamais desaparecerá.

As primeiras música que me lembro de ouvir e ver foram os videoclips de Like a Virgin e Material Girl (ambos do 2º album) num programa que penso se chamava Top 20 - um ranking dos mais vendidos da semana em Portugal que passava na RTP ao Sábado ou Domingo à tarde - e depois prolonguei o interesse no tal Countdown em que cada video e musica me fascinava - True Blue, Open Your Heart, Papa Don't Preach, Live To Tell, Crazy For You, Into The Groove, La Isla Bonita, Who's That Girl, Oh Father... estes dos 3º e 4 º albuns, penso.

Mas hoje, aquelas que mexem mais comigo são as do 1º album, aquelas onde Madonna dava tudo por tudo para que dessem por ela porque estava obcecada por ser uma estrela. Por isso são todas as musicas tão boas, como Borderline, Holiday, Burning Up e Lucky Star, que foi o video que escolhi para pôr aqui porque adoro aquele início.

É diversão inconsequente assumida, da melhor de sempre na música pop. Porque muitas vezes também precisamos de dançar e cantarolar desalmadamente só porque sim.

Wednesday, November 12, 2008

Esqueço-me quase sempre disto

Li num comentário de outro blogue:

"Só vale a pena escrever quando se tem algo de importante para dizer: importante para quem lê e não para quem escreve."


Mas o meu umbigo é tão grande...

Monday, November 10, 2008

Atchim!!

Pois é, só me faltava esta gripe para me animar, agora nem 2 horas consigo dormir por noite, seja por estar a transpirar de calor num minuto e ter frio no outro ou então por causa dos barulhos e luzes que me entram pelo quarto adentro... e se isto se transformar em febre, fica o ramalhete composto...

Não tenho nada para dizer,

nada, nada. É mesmo assim. Penso muito, muito, muito, mas são coisas só para mim, não quero nem faz sentido transmiti-las a outros.
As coisas estão cada vez mais na mesma quando cada vez mais deviam não ficar na mesma. E não tenho forças nem vontade nem (sobretudo) capacidade de lhes dar uma volta.

Não tenho nada para dizer.

Sunday, November 02, 2008

A Queda

"E eu que sou o rei de toda esta incoerência,
Eu próprio turbilhão, anseio por fixá-la
E giro até partir... Mas tudo me resvala
Em bruma e sonolência.

Se acaso em minhas mãos fica um pedaço de ouro,
Volve-se logo falso... ao longe o arremesso...
Eu morro de desdém em frente dum tesouro,
Morro á mingua, de excesso.

Alteio-me na côr à fôrça de quebranto,
Estendo os braços de alma - e nem um espasmo venço!...
Peneiro-me na sombra - em nada me condenso...
Agonias de luz eu vibro ainda entanto.

Não me pude vencer, mas posso-me esmagar,
- Vencer ás vezes é o mesmo que tombar -
E como inda sou luz, num grande retrocesso,
Em raivas ideais, ascendo até ao fim:
Olho do alto o gêlo, ao gêlo me arremesso...

. . . . . . . . . . . . . . .

Tombei...
E fico só esmagado sobre mim!..."

"A Queda", in "Dispersão", Mário Sá-Carneiro

Saturday, November 01, 2008

Cansaço

"O que há em mim é sobretudo cansaço -
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço."

excerto do poema "O que há em mim é sobretudo cansaço", in "Poesias", Álvaro de Campos

"Ele fala do cansaço assumido como coisa em si mesma, sem já ser condição. Este tédio, (...), soa muito a desapontamento, a conclusões falhadas, objectivos não atingidos."
"I can't think of words
I feel no emotion about anything
I don't want to laugh or cry
I'm numb - dead inside."

Nick Drake, in conversation with John Wood

Friday, October 31, 2008

Thursday, October 30, 2008

Não Confundas o Amor Com o Delírio da Posse

A propósito da conversa que tive hoje com a Sara, a quem dedico esta passagem:

"Não confundas o amor com o delírio da posse, que acarreta os piores sofrimentos. Porque, contrariamente à opinião comum, o amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, que é o contrário do amor, esse é que faz sofrer. (...). Eu sei assim reconhecer aquele que ama verdadeiramente: é que ele não pode ser prejudicado. O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca."

in "Cidadela", Antoine de Saint-Exupéry

Estes putos de hoje...

caramba, é preciso ter mesmo muito, muito cuidado e não deixar o telemóvel à sua mercê. 8oI

Fiquei com o dia estragado.

Wednesday, October 29, 2008

Twin Peaks

Só esta semana me apercebi que está a passar no FX, à meia-noite. Se esta não é a minha série favorita de sempre então não sei qual é. Até já tenho um novo ambiente de trabalho no PC do Twin Peaks... um dia destes vou tirar o pó das não-sei-quantas VHS que tenho com todos os 30 episódios e passar umas horas valentes em frente à TV, à moda antiga (quando ainda não havia DVD's) :)


David Lynch: "A continuing story is a beautiful thing to me, and mystery is a beautiful thing to me, so if you have a continuing mystery, it's so beautiful."

Capas de Culto

Aqui há muitas capas e muita música de que gosto (pena já não actualizarem há 2 anos...)

Gostava de ter um blogue assim.

Tuesday, October 28, 2008

Alice e a lagarta

-- "I can't explain myself, I'm afraid, sir," said Alice, "because I'm not myself, you see."
-- "I don't see," said the Caterpillar.
-- "I'm afraid I can't put it more clearly," Alice replied very politely, "for I can't understand it myself to begin with; and being so many different sizes in a day is very confusing."
-- "It isn't," said the Caterpillar.

(from Alice in Wonderland)

Saturday, October 25, 2008

...e deste também

para além das bolas saltitantes e dos coelhinhos, foi feito ainda um 3º anúncio para o Sony Bravia, bem mais explosivo, e com direito a chuva (de tinta) no final

"La Gazza Ladra (abertura)", Gioachino Rossini, 1817

Gosto muito deste anúncio...

pela música do Nick Drake, pela fotografia, pela atmosfera, é o mais belo anúncio da Volkswagen

"Pink Moon", Nick Drake, 1972

Friday, October 24, 2008

Filmes de que gosto e que têm a ver uns com os outros - II

Olhar para dentro e mudança na vida:

"Persona"; "Lágrimas e Suspiros"; "Sonata de Outono" - Ingmar Bergman
"Uma Outra Mulher" - Woody Allen
"Mulholland Dr." - David Lynch
"Inadaptado" - Spike Jonze
"Ghost World" -Terry Zwigoff

Filmes de que gosto e que têm a ver uns com os outros

Realismo sobre a adolescência:

"High School" (este mais sobre a escola) - Frederick Wiseman
"Kids"; "Wassup Rockers" - Larry Clark
"Elephant"; "Paranoid Park" - Gus Van Sant

O beijo


The Kiss
(after Rodin)

Kiss kiss
Kiss kiss.

Eternity isn’t bliss!
Will we always be stuck like this?

You’re face, my lips, your happy wrist
frozen like a butterfly

where it hurts to twist and
where the white stone pins.

Will it only ever be this?
Isn’t a kiss supposed to end

And then begin?

Pelé Cox

Wednesday, October 22, 2008

Chopin por Bergman

e também a admiração e o ódio da filha no mesmo longo olhar
SONATA DE OUTONO, Ingmar Bergman, 1978

"Prelúdio, Op. 28, No. 2: Prelúdio em La menor", Frédéric Chopin, 1838

Tuesday, October 21, 2008

É muito mau

quando as escolas organizam idas dos alunos ao cinema, teatro, etc. se depois eles passam grande parte da sessão a falar, mandar bocas, gritar, rir alto, aplaudir sem razão,... aproveitaram para passar uma tarde sem ir às aulas, foi o que foi.
Eu sei que é injusto tomar uma parte pelo todo e ignorar que, no meio daqueles, houve quem assistisse com atenção ao filme, que há adolescentes cujos prazeres na vida não se limitam a consumir e a gastar. Mas depois também me lembro quando, no meu 9º ano (início dos anos 90), a escola organizou uma ida de todas as turmas do 9º a um concerto de música clássica que durou cerca de 5 minutos... tal era o barulho na sala que os músicos se recusaram a continuar, saíram do palco julgando assim chamar a plateia à razão. Mas, ao verem os músicos abandonar o palco, foi tal o alívio de todos que se levantaram de imediato em direcção à saída, parecia que estavam muito atrasados para ir a um algum sítio... e os professores a verem... eu fiquei parvo mas foi mesmo assim, parecia que tinham acabado de livrar aquele pessoal todo de um grande suplício... depois foram todos para os cafés, seus habitats naturais da época... (e eu fui com eles, infelizmente...)
O cinema de ontem recordou-me este episódio, e também me recordou que cresci a sentir-me diferente de quase todos os outros da minha geração (pelo menos os que frequentavam as mesmas escolas que eu - e foram 4 escolas, do 5º ao 12º) nas sensibilidades e nos comportamentos.

Saturday, October 18, 2008

Mas porque é que, ultimamente,

todas as encomendas do Amazon me estão a dar problemas? Antes não tinha queixas e os produtos chegavam a casa num instante. Agora ou demoram um mês (ou mais), ou vêem com defeito, ou perdem-se... parece que a crise não é só financeira...

Thursday, October 16, 2008

Espelho meu...


GIRL AT MIRROR, Norman Rockwell, 1954

Tuesday, October 14, 2008

Rouge


Gosto tanto desta fotografia de promoção ao filme VERMELHO, Krzysztof Kieslowski, 1994, que me apeteceu postá-la. É uma imagem que me assombrava de tempos em tempos em meados dos anos 90. Tudo é belo: a Iréne Jacob, a expressão, o perfil, o vermelho, o negro, e sobretudo o filme que representa.


Juíz: Parta. É o seu destino. Não pode viver pelo seu irmão.
Valentine: Mas eu amo-o. Se ao menos o pudesse ajudar...
Juíz: E pode. Seja.
Valentine: O que quer dizer?
Juíz: Só isso: seja.

Sunday, October 12, 2008

9ª festa do cinema francês


Vesti-me de espírito festivaleiro e fui pela 1ª vez, nesta edição, assistir a sessões da Festa do Cinema Francês. Escolhi 2 filmes ao acaso e sobretudo com a preocupação de terem horários compatíveis com o trabalho e os autocarros e saí de ambas as sessões, como dizia o outro, maravilhado. É sempre um prazer e um alívio descobrir um cinema e autores que nos estimulem o espírito, entramos num mundo em que nos podemos relacionar connosco e descobrir mais sobre nós, os outros, a condição humana. E descobri-los por acaso torna o gozo maior.

TOUT EST PARDONNÉ, Mia Hansen-Løve, 2007

Lembro-me quando comprava, há muito tempo e com alguma regularidade, a edição francesa da revista Prémiere (porque era mais barata que a americana e ainda não havia a portuguesa) e sentia curiosidade por todos aqueles filmes e actores dos quais só podia conhecer uma ínfima parte muito mais tarde, quando passavam na televisão. No entanto, a pilha de revistas no meu quarto levou-me a cortar nestes consumos e o interesse diminuiu. Mas sinto que agora vou começar a dar mais atenção aos filmes e cineastas franceses para lá dos consagrados.

UN BAISER, S'IL VOUS PLAIT, Emmanuel Mouret, 2007

É um sentimento agridoce, sinto que estive estes anos todos de cinefilia a passar ao lado de toda uma cinematografia muito estimulante. Mas a vida também é assim. E estes 2 filmes também causam tristeza e alegria.

Saturday, October 11, 2008

Só ontem

me apercebi das semelhanças entre elas

e elas

MULHOLLAND DR., David Lynch, 2001
PERSONA, Ingmar Bergman, 1965

Sobre o amor

“ (…) Pouca coisa sabemos. Mas sempre sabemos que nos devemos ater ao que é difícil, e isso é uma certeza que nunca nos abandonará. É bom estar só, porque também a solidão resulta ser difícil. E algo que seja difícil deve ser para nós um motivo suplementar para o levar a cabo.
“Também é bom amar, pois o amor é coisa difícil. O amor de um ser humano por outro: isto é, talvez, o mais difícil que já nos foi incumbido. É a prova suprema e derradeira, a tarefa final, ante a qual todas as outras não foram senão um ensaio. Por isso, não sabem nem podem amar ainda os jovens, que em tudo são principiantes. Hão-de aprendê-lo. Com todo o seu ser, com todas as forças reunidas em torno do coração solitário e angustiado que palpita alvoraçadamente – devem aprender a amar. Mas toda a aprendizagem é sempre um longo período de retiro e clausura. Assim, o amor é por muito tempo e até muito longe dentro da vida, solidão, isolamento crescido e aprofundado por aquele que se ama. Amar não é, em princípio, nada que possa significar absorver-se em outro ser, nem entregar nem unir-se a ele. Pois, o que seria uma união entre dois seres inacabados, falhos de luz e liberdade? Amar é antes uma oportunidade, um motivo sublime, que se oferece a cada indivíduo para amadurecer e chegar a ser algo em si mesmo; para tornar-se um mundo, todo um mundo, por amor a outro.”

in “Cartas a Um Jovem Poeta” (sétima carta, de 14 de Maio de 1904), Rainer Maria Rilke

Wednesday, October 08, 2008

Posto de escuta

Álbuns:

"Grace" - Jeff Buckley
"If You're Feeling Sinister", " The Boy With The Arab Strap", "Dear Catastrophe Waitress - Belle & Sebastian
"The Mirror Conspiracy" - Thievery Corporation
"The Stone Roses" - The Stone Roses

Canções:

"Lights Out" - Santogold
"No Kinda Man (Body Language Exclusive Track)" - Junior Boys
"Into The Galaxy" - Midnight Juggernauts
"Electric Feel" - MGMT
"La Mer" - Nine Inch Nails
"New Dark Age/Hothouse" - The Sound
"Sweet Blindness" - Laura Nyro

Monday, October 06, 2008

O crepúsculo visto da ponte


no regresso a casa, antes da solidão da auto-estrada...

Saturday, October 04, 2008

La Mer

"Et quand le jour se lève
je deviendrais le ciel
et je deviendrais la mer

Et la mer va venir m'embrasser
Pour que j'aille à la maison

Rien ne pourra plus m'arrêter maintenant"

Thursday, September 25, 2008

Sinto isto vezes demais

"Quando estamos longe
não temos nada p'ra dar"


in "Encontro em Tânger", do álbum O Rapaz do Trapézio Voador, RÁDIO MACAU, 1989

Tuesday, September 23, 2008

Porque as coisas mais doces podem ser as mais simples

"You go your way
I'll go your way too"


The Sweetest Little Song, LEONARD COHEN, 2000

Ouvi uma vez o Miguel Esteves Cardoso dizer, na televisão, que a mulher lhe mostrou este poema para lhe explicar o que as mulheres querem dos homens

Entre o quase-louco e o patético (e entre o muito sério e o cómico)



Eu costumo gostar de Setembro

Gosto da sensação de aconchego que o anúncio do Outono me transmite. Tem mais a ver comigo que o Verão ou até a Primavera.

Mas este está a ser horrível. E não é pelo tempo.

Saturday, September 20, 2008

Vida fantasma

Mais do que não gostarem de nós e sermos hostilizados, o que custa é sentirmo-nos irrelevantes, ignorados e invisíveis, isso é que dói a valer cá dentro. Não deixarmos marca. Estarmos isolados. É por isso que muitos escolhem fazer algo de mal porque sentem que assim deixam uma marca. Mesmo que muito negativa, essa atenção que recebem é preferível ao anonimato insignificante. É um estranho bálsamo na condição humana.
O ser humano quer ser amado pelos outros, quer sentir pertença a algo, tanto na família, nos amigos como na sociedade. Só arriscamos ser odiados se tivermos as costas muito largas ou se sentirmos que nunca (mais) teremos valor, porque enquanto houver esperança de sermos amados não queremos entrar num ponto sem retorno.

Mas ninguém quer passar uma vida inteira como um fantasma.

Agora que releio este post, lembro-me da angústia de Gena Rowlands em NOITE DE ESTREIA, John Cassavetes, 1977, um mais que admirável filme que pode não ter tudo a ver com o que escrevi mas tem muito, muito a ver.

Thursday, July 17, 2008

Tão animadinho que eu ando

Joy Division, Nine Inch Nails, The Cure (fase obscurantista), The Smiths, Nick Cave, Nick Drake, algum Shoegaze, as séries "Nip/Tuck", "Dexter" e "Roma", para além do lixo televisivo, são as minha companhias - soturnas, nocturnas - para o Verão quente, bem-disposto, luzente e convidativo que está lá fora.
Mas quando não há disposição, nem outros, nada há a fazer.

"Spending warm Summer days indoors", assim cantava o Morrissey.

Monday, July 14, 2008

Do Isolamento e da Solidão...

NEW YORK MOVIE, 1939

AUTOMAT, 1927

OFFICE IN A SMALL CITY, 1953

EDWARD HOPPER

... mas também da beleza.

Persona


PERSONA, Ingmar Bergman, 1965

Personalidade partida em duas ou Vampirismo?
Introversão ou Transferência?
Drama Psicológico ou Filme de Terror?

Pode ser isto tudo ou não ser nada disto ou ser só um bocado disto mais muitas outras coisas. Mas quando acabo de o vêr quero vê-lo outra vez. E outra. E mais uma. E mais 100.

Saturday, July 05, 2008

Há momentos

fugazes, é certo, que são um sopro levezinho, passam num abrir e fechar de olhos, são uma tontura, lapsos de razão que ainda não sei se chegam a afectar-me, mas onde sinto que talvez fosse melhor deixar de existir, deixar de ser. Não gosto disto nem o quero sentir, mas há vezes em que nem os filmes, nem a música, nem os livros têm força capaz de me empurrarem para o prazer da vida.

Sei que isto é duro e desconfortável mas as coisas são o que são.

Tuesday, June 17, 2008

Versos Livres

"EU AMEI, VOCÊ AMOU
EU CHOREI, VOCÊ CHOROU
EU ERREI, VOCÊ, VOCÊ SE FOI
E EU QUIS DIZER SOMENTE UMA PALAVRA
E QUEM SABE, ASSIM, REABRIR AS PORTAS DO TEU CORAÇÃO.

PERDÃO."



Anónimo brasileiro

Wednesday, June 11, 2008

"A Close Shave" trailer - Gromit e Shaun salvam o mundo

"A CLOSE SHAVE", Nick Park, 1995

Revi esta curta há um mês no MONSTRA e fiquei bem-disposto para o resto do dia :)

Thursday, June 05, 2008

Já agora, a música preferida de momento

"Shadows (M83 Remix)" - Midnight Juggernauts

Por falar em coisas preferidas de momento

"A DUPLA VIDA DE VERÓNIQUE", Krzysztof Kieslowski, 1991

Quando Weronika encontra Verónique (que é a minha cena preferida de momento :P)

Anos 80 bem medidos (para o séc. XXI)

"Back Of The Van" - Ladyhawke

You set me on fire...

O genérico da minha série preferida do momento

NIP/TUCK

"Change What You Can, Hide What You Can't"

Nem sei se vale a pena

começar a escrever no blogue, para escrever só para mim tenho o papel. Se calhar ainda não perdi a esperança de fazer amigos, de conseguir estar com os outros sem me sentir isolado (eu sei que a culpa é minha, sou muito fechado e pouco amigo dos outros, etc, etc), se calhar sou muito romântico, não sei. Mas sei que escrever estas linhas faz-me sentir muito estranho.

Só gostava de saber

se posso tirar um pouco desta dor e desta raiva para fora de mim. Já não sei o que fazer com elas.

Hoje, ontem e amanhã

Ando de um lado para o outro, de um lado para o outro, de um lado para o outro, de um lado para o outro e nada muda, nada muda, nada muda, nada muda.

Quero ligar às coisas e aos acontecimentos, mas só me sinto letárgico em relação a tudo o que se passa à minha volta. Está lá o corpo, a alma não sei. Só lá está a persona.

Já nem tenho muita vontade de ir ao cinema. Já não sinto tanto prazer a ouvir música. Fui à Feira do Livro e foi como se não tivesse ido.

Quando tiver 80 anos, quero sentir orgulho da vida que vivi.
Não estou num bom caminho.