Em homenagem à chuva de hoje (que ainda cai lá fora), aqui ficam 2 poemas dos heterónimos:
O dia deu em chuvoso. A manhã, contudo, esteve bastante azul. O dia deu em chuvoso. Desde manhã eu estava um pouco triste.
Antecipação! Tristeza? Coisa nenhuma? Não sei: já ao acordar estava triste. O dia deu em chuvoso.
Bem sei, a penumbra da chuva é elegante. Bem sei: o sol oprime, por ser tão ordinário, um elegante. Bem sei: ser susceptível às mudanças de luz não é elegante. Mas quem disse ao sol ou aos outros que eu quero ser elegante? Dêem-me o céu azul e o sol visível. Névoa, chuvas, escuros — isso tenho eu em mim.
Hoje quero só sossego. Até amaria o lar, desde que o não tivesse. Chego a ter sono de vontade de ter sossego. Não exageremos! Tenho efetivamente sono, sem explicação. O dia deu em chuvoso.
Carinhos? Afetos? São memórias... É preciso ser-se criança para os ter... Minha madrugada perdida, meu céu azul verdadeiro! O dia deu em chuvoso.
Boca bonita da filha do caseiro, Polpa de fruta de um coração por comer... Quando foi isso? Não sei... No azul da manhã...
O dia deu em chuvoso.
"Trapo", in "Poesias", Álvaro de Campos
Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. Ambos existem; cada um como é.
"Um Dia de Chuva", in "Poemas Inconjuntos", Alberto Caeiro
e por isso também desinspirado e sem ideias novas, assim este blogue já começou e vai continuar a ser, pelo menos nos próximos tempos, muito mais visual que escrito.
Hoje li uma definição de esquizoidia -- (...) tendência para a solidão, o autismo, o devaneio e para uma má adaptação à realidade exterior -- e revejo-me demais nela,... e que evoluiu de outra coisa chamada esquizotimia... não admira que eu ande sempre como ando... ;(
"Fantastic Playroom" - New Young Pony Club "Ladyhawke" - Ladyhawke "The First Album" - Madonna "Moon Safari" - Air "Psyence Fiction" - UNKLE "White Album" - The Beatles
Canções:
"Open Invitation" - Black Rebel Motorcycle Club "Emotional Rescue" - The Rolling Stones "Sex On Fire" - Kings Of Leon "Apollo-Gize" (Fred Falke edit) - Digitalism "Harbour" - Moby feat. Sinéad O'Connor "Little Bit" (CSS remix) - Lykke Li "Paris" (Aeroplane remix) - Friendly Fires feat. Au Revoir Simone "End Of The Road" - The Teenagers
Aqui restringidas às anglo-saxónicas. Não estão aqui todas, mas estão aquelas de que me recordo neste momento. Também não acrescentaria muitas mais. Por nenhuma ordem em especial.
Comédia britânica:
"Absolutamente Fabulosas" "Big Train" "Blackadder" "Da Ali G Show" "Extras" "Fawlty Towers" "Green Wing" "...Alan Partridge" "Little Britain" "Monty Python" "Nighty Night" "Peep Show" "Smack The Pony" "Spaced" "Teachers" "The Catherine Tate Show" "The Office" "The Royle Family"
Comédia norte-americana:
"Uma Família às Direitas" "Ally McBeal" "Arrested Development" "Chappelle's Show" "Calma, Larry" "Quem Sai aos Seus" "Flight of the Conchords" "Frasier" "Late Night with Conan O'Brien" "Seinfeld" "The Comeback" "The Daily Show with Jon Stewart"
Drama/Acção britânico:
"Doctor Who" "Prime Suspect" "Testemunha Silenciosa" "Waking the Dead"
Drama/Acção norte-americano:
"Big Love" "Buffy" "CSI" "Californication" "Carnivale" "Sem Escrúpulos" "Dexter" "Entourage" "Friday Night Lights" "House" "Huff" "Balada de Hill Street" "Joan of Arcadia" "Kyle XY" "Medium" "Balada de Nova Iorque" "Nip/Tuck" "Lost" "Oz" "Começar de Novo" "Adultos à Força" "Rescue Me" "Roma" "Sete Palmos de Terra" "Sleeper Cell" "O Protector" "Twin Peaks" "Unscripted" "Os Sopranos" "Erva"
OK, não é bem guilty pleasure porque eu acho que é mesmo muito bom: adoro e sempre adorei a Madonna dos anos 80. Nos anos 90 o interesse desvaneceu-se um pouco e nesta década só pontualmente adiro à sua onda mais direccionada para as pistas de dança, mas os seus anos 80 foram fabulosos! Era uma altura em que os excessos, o consumismo, o plasticismo, etc. tinham uma aura diferente porque não se faziam estas músicas só para atingir a fama e o sucesso mas também para abanar um pouco o panorama na música, na imagem e na sociedade - nas mentalidades. Eu tinha uma crush infantil por ela, impressionava-me muito pelo estilo muito moderno, por ser muito gira, por dançar bem e ter canções mutio viciantes.
Eu era pequeno e lembro-me de sair da escola primária e ir a correr para minha casa ou da minha tia para ver, primeiro, o D'Artacão, e depois um programa intitulado Countdown que passava na RTP 2 e que me introduziu, para além de Madonna, também Prince, Michael Jackson, U2, Depeche Mode, New Order, etc. e, sobretudo, despertou o meu gosto insaciável pelo pop-rock que jamais desaparecerá.
As primeiras música que me lembro de ouvir e ver foram os videoclips de Like a Virgin e Material Girl (ambos do 2º album) num programa que penso se chamava Top 20 - um ranking dos mais vendidos da semana em Portugal que passava na RTP ao Sábado ou Domingo à tarde - e depois prolonguei o interesse no tal Countdown em que cada video e musica me fascinava - True Blue, Open Your Heart, Papa Don't Preach, Live To Tell, Crazy For You, Into The Groove, La Isla Bonita, Who's That Girl, Oh Father... estes dos 3º e 4 º albuns, penso.
Mas hoje, aquelas que mexem mais comigo são as do 1º album, aquelas onde Madonna dava tudo por tudo para que dessem por ela porque estava obcecada por ser uma estrela. Por isso são todas as musicas tão boas, como Borderline, Holiday, Burning Up e Lucky Star, que foi o video que escolhi para pôr aqui porque adoro aquele início.
É diversão inconsequente assumida, da melhor de sempre na música pop. Porque muitas vezes também precisamos de dançar e cantarolar desalmadamente só porque sim.
Pois é, só me faltava esta gripe para me animar, agora nem 2 horas consigo dormir por noite, seja por estar a transpirar de calor num minuto e ter frio no outro ou então por causa dos barulhos e luzes que me entram pelo quarto adentro... e se isto se transformar em febre, fica o ramalhete composto...
nada, nada. É mesmo assim. Penso muito, muito, muito, mas são coisas só para mim, não quero nem faz sentido transmiti-las a outros. As coisas estão cada vez mais na mesma quando cada vez mais deviam não ficar na mesma. E não tenho forças nem vontade nem (sobretudo) capacidade de lhes dar uma volta.
"E eu que sou o rei de toda esta incoerência, Eu próprio turbilhão, anseio por fixá-la E giro até partir... Mas tudo me resvala Em bruma e sonolência.
Se acaso em minhas mãos fica um pedaço de ouro, Volve-se logo falso... ao longe o arremesso... Eu morro de desdém em frente dum tesouro, Morro á mingua, de excesso.
Alteio-me na côr à fôrça de quebranto, Estendo os braços de alma - e nem um espasmo venço!... Peneiro-me na sombra - em nada me condenso... Agonias de luz eu vibro ainda entanto.
Não me pude vencer, mas posso-me esmagar, - Vencer ás vezes é o mesmo que tombar - E como inda sou luz, num grande retrocesso, Em raivas ideais, ascendo até ao fim: Olho do alto o gêlo, ao gêlo me arremesso...